Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Uma questão de prioridade.
A Copa do Mundo de futebol acabou, e o Brasil não ganhou. Agora as discussões voltam a ser o Brasileirão, o Gauchão, a segunda divisão, a Libertadores e sei lá mais o que. Quem me conhece sabe que entendo tanto de futebol quanto falo sueco, nada contra o esporte, só não sou fanático, pra mim é "apenas mais um esporte". E sinceramente não entendo o fanatismo que vejo diariamente nem as discussões que não vão a lugar algum. O pessoal fala na primeira pessoa - "jogamos mal, mas vocês também não ganharam, agora nós vamos contratar..." como se eles tivessem feito algo além de ficar em casa vendo pela TV. E torcer fanaticamente por uma “entidade” que muda diariamente eu não compreendo muito. Se alguém me disser que torce pelo tenista Rafael Nadal eu entendo, mas como torcer por um grupo que muda continuamente e o cara que jogava no time inimigo ontem agora joga pelo “meu” time? Da mesma forma não entendo as estatísticas do futebol - se um time ganhou ou perdeu na década de 70 para o outro time, que influência tem isso sobre o jogo que será disputado amanhã de noite?
Mas tudo bem, como disse antes, nada contra o esporte e muito menos contra os torcedores, só não entendo. A torcida na copa do mundo ainda tem um lado de patriotismo, que é bem compreensível, mas sempre o fanatismo pelos clubes é maior (pelo menos no Brasil). Com tudo isso, não me surpreendi quando li essa manchete que reproduzo (um trecho) abaixo:
"Pesquisa comprova a necessidade que o brasileiro tem de assistir futebol".
Dedicação semanal ao esporte ocupa mais de 5 horas na agenda masculina
Mais uma vez, quando o assunto é futebol, tem brasileiro no meio. A Heineken acabou de divulgar o resultado da pesquisa realizada com 5,3 mil homens de 15 países sobre a importância do futebol na vida dos homens, e o Brasil está em segundo lugar, perdendo apenas para os ingleses.
Os ingleses aparecem como os mais fanáticos quando o assunto é bola na rede ao assistir semanalmente cerca de 2 horas e 22 minutos de partidas e ao passar 3 horas e 21 minutos falando sobre futebol. Os brasileiros vêm em logo seguida ao conversar sobre os últimos resultados, faltas, gols ou rumores de transferência com seus amigos, por aproximadamente 3 horas e 20 minutos e ao assistir um total de 2 horas e 10 minutos de partidas a cada semana.

Tudo bem, não sei se a pesquisa pode ser confiável ou não, nem se isso representa a realidade do país, mas vamos considerar que sim, que esse dado é real, pelo menos eu presencio diversas discussões do tipo. Ou seja, o homem brasileiro (nessa pesquisa) somando assistir e discutir futebol, dedica em média 5h 30 minutos por semana à essa atividade. Haja tempo.
Logo após o jogo Brasil x Holanda o Twitter saiu do ar - "Twitter is over capacity." Sinal da necessidade das pessoas em expressar sua opinião e cada um dar a sua explicação do que havia acontecido, algo comparável ao juízo final.

Vamos pensar agora.
Atualmente os órgãos de saúde mundiais pregam que um adulto deva acumular pelo menos 2h e meia de atividades físicas por semana. A população é sedentária, digamos que por baixo metade da população não faz nem o mínimo que deveria (sendo bondoso nessa estimativa).
Vejamos, uma pesquisa do meu amigo Felipe Fossati (da qual participei) mostrou que uma das principais barreiras relatadas na população para não fazer atividade física é justamente a "falta de tempo". Ou seja, o pessoal assume que seria legal fazer algum exercício, mas o cotidiano não permite pela falta de tempo.
Quem sabe se a gente pegasse metade apenas do tempo dedicado às discussões futebolísticas (que não levam a nada) e fizesse com que os homens transformassem isso em exercício? Vejam bem, menos da metade do tempo já seria suficiente para transformar um sedentário num ativo. Tudo bem, eles poderiam discutir futebol em cima de uma ergométrica, ou em esteiras, não precisava parar de discutir (já que é um vício), mas que pelo menos a discussão não fosse feita de maneira sedentária (ou acompanhada de álcool e petiscos num balcão de bar). E depois as mulheres que têm fama de tagarela.