Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

domingo, 28 de novembro de 2010

Prêmio Triathlon: "Estúpido do ano".



domingo, 21 de novembro de 2010

Volta da Ilha dos Marinheiros.
Eu não costumo escrever relatos de competições, mas hoje fiz uma corrida que me marcou por alguns motivos. Foi a prova mais longa que já fiz (24km em saibro e sem sombra), fiz meu melhor tempo de meia maratona (1h 42') e um corredor da prova morreu, o que é uma experiência meio surreal.
Bom, mas vamos à corrida. Meu plano era fazer 1h 54’ (coloquei o GPS para manter o ritmo de 4’45” pra cada km) e acabei fazendo 1h 57' 13", ou seja, fiz cada km em 8 segundos acima do que planejei, mas tudo bem, o dia estava muito quente, dei umas caminhadas pra beber com calma e pelo que ouvi todo mundo ficou com tempos acima do esperado. Meu percurso está aqui registrado no GPS . O que me chama atenção é que realmente nós temos um ritmo de corrida e é bem difícil mexer com isso. Eu falo assim porque meu melhor tempo em Meia Maratona era de 1h 48’, mas isso foi feito depois de nadar 1900 metros e pedalar 90 km. Era de se esperar que estando descansado eu fosse muito mais rápido, mas na verdade eu consegui fazer 6 minutos a menos apenas, ou seja, estando descansado eu fui somente 5% mais rápido. Até é diferença, mas se a gente pensa em pedalar 90km e depois correr ou simplesmente iniciar a correr descansado, o esforço é bem distinto. Larguei meio acelerado e o pessoal que eu sabia que iria no meu ritmo (Kiko e Rafael Ilha) demorou a me alcançar, um pouco antes do meio da prova eles me alcançaram, mas ficamos pouco tempo juntos e eu segui na frente deles. (na foto pós-prova em escadinha - Kiko, Rafael Ilha (ex-obeso), Pedro Zeleniakas e eu). O pessoal se assusta porque eu caminho de vez em quando, mas é mania mesmo, se passo por um posto de água e tem uma sombrinha por perto, eu valorizo aqueles metros pra beber com calma e curtir alguns segundos de sombra, que eram raridade na prova de hoje. Levei comigo 4 garrafinhas de isotônico, tomei água em todos os postos e ainda dilui num copo uma pastilha com eletrólitos. Após a chegada foram mais 2 copos e 2 garrafas de água - só fui fazer xixi 4 horas depois, e com cor de whisky - ou seja, mesmo com todo meu esforço pra manter a hidratação, não deu. Isso me causou um enjôo pós-prova e só fui conseguir comer 2h mais tarde. Semana passada corri uma etapa do estadual de triathlon (em Osório) e fiquei em quarto lugar. Hoje repeti a colocação.

Mas o lado triste que com certeza marcará o evento foi a morte do corredor (que já está em todos jornais online). E sempre ouvimos aquela frase clássica - “como tem morrido atleta né”. Eu sempre penso: atletas são pessoas, e pessoas morrem, alguns morrem parados em casa aos 40 anos, outros morrem fazendo sexo aos 80, e alguns morrem jogando futebol com 25.
O corredor que faleceu tinha 54 anos, era funcionário da Universidade (FURG) e estava participando da Volta de 24km. Assim que cruzei a linha de chegada ouvi a notícia me assustei porque o pai de um grande amigo meu também é da Furg (Paulo Rubira), estava na corrida e tem mais ou menos essa idade, mas em seguida falaram o nome do falecido e vi que não era ele.
Possivelmente a imprensa ou meros espectadores agora começam a comentar sobre o esforço que é uma prova dessas, em que pessoas chegam ao ponto de exaustão que leva à morte. Lá na hora mesmo muitas pessoas já falavam - "ah, mas o dia está muito quente". Mas esse caso específico nada tem a ver com a prova em si ou com as condições da mesma.
Para se ter um infarto fulminante basta estar vivo, em mais de 40% dos casos de doença cardíaca, o primeiro sintoma é a morte. O acidente cardíaco (que culminou com a morte) ocorreu com menos de 10 minutos de prova, ou seja, com certeza o trágico evento é consequência de alguma atitude tomada antes da prova, possivelmente no(s) dia(s) que antecederam a competição ou simplesmente ele iria morrer, mesmo se estivesse em casa vendo o Esporte Espetacular. Nesses momentos começam os comentários, como por exemplo: ele havia corrido 2h na véspera e teria consumido grande quantidade de bebidas "estimulantes/energéticos". Realmente, essa tem sido uma prática cada vez mais comum e o pessoal acha engraçadinho ter taquicardia. Hoje existem vários produtos ricos em cafeína, taurina, etc. que são estimulantes, mas esportivamente podem se somar a outros fatores (adrenalina, calor, desidratação, um coração meia boca, etc.) e causar desmaios ou algo pior. Não conhecia o corredor pessoalmente, mas parece que ele não tinha um estilo de vida muito regrado para quem quer ser atleta amador, mas isso realmente não faz qualquer diferença agora e ficar procurando causa mortis é 100% inútil. O único lado bom de se aprofundar uma investigação dessas é se constatado que foi alguma imprudência, poder mostrar pro pessoal no futuro que não dá pra brincar com algumas coisas.
Outra crítica no momento foi em relação ao socorro prestado. As ambulâncias estariam mais a frente com o pessoal da "elite". Eu nem quero entrar nesse assunto, mas perdi a conta de ir a competições em que o socorro anda com os primeiros lugares, justamente quem menos precisa. E isso ocorre com mais frequência em provas de natação (Travessias), o que é mais sério ainda. É comum vermos vários barcos cercando os primeiros colocados e do meio pra trás o pessoal vem sozinho, meio desnorteado, andando em ziguezague e se algo acontece... não sei se hoje aconteceu algo parecido, mas muitos disseram que a ambulância demorou a chegar. E se tivesse chegado antes???? Não dá pra saber.

domingo, 7 de novembro de 2010

It’s evolution, baby!!!

I'm ahead, I'm a man. I'm the first mammal to wear pants, yeah
I'm at peace with my lust, I can kill 'cause in God I trust, yeah
It's evolution, baby.


Os versos são da música “Do The Evolution” do Pearl Jam que trata com ironia a evolução do ser humano.
Acabei de ler o livro “The greatest show on Earth - the evidence for evolution”, do escritor/biólogo Richard Dawkins . Eu dei o livro de presente ao meu orientador de doutorado, e assim que ele leu me recomendou, acabou que o livro ficou mais tempo comigo do que com ele. O autor Richard Dawkins ficou famoso por ser um fervoroso ateu, mas nesse livro o enfoque é muito mais biológico do que religioso, por isso é bem mais interessante do que outros títulos dele. O livro trata da evidência para evolução e discute a posição dos católicos que não aceitam a evolução como um fato comprovado pela ciência. O autor demonstra a evolução rivalizando as descobertas evolucionistas com os dogmas creacionistas da igreja. Pela religião, nosso planeta tem por volta de 10 mil anos apenas, Deus criou todas as criaturas do mundo na forma atual e ponto final, crenças compartilhadas por mais de um terço dos americanos, por exemplo. Para os mais radicais, Darwin é um grande mentiroso e suas teorias são absurdas.
Algumas perguntas que os opositores à evolução fazem aos biólogos são até infantis, como, por exemplo: 1. por que não existem fósseis mostrando todas as etapas da evolução? Para algumas espécies até existe, mas a razão principal é que a formação de fósseis depende de uma situação geológica muito específica, que não acontece a toda hora.
2. Se o macaco evoluiu até o homem, por que nunca se viu um macaco dando à luz a uma criança? Por que a evolução não se dá de uma geração pra outra. Além disso, ninguém afirma que o macaco evoluiu até chegar ao homem, mas o que se sabe é que ambos tiveram um ancestral em comum. Da mesma forma que ao analisar as semelhanças fica bem evidente que hipopótamo, peixe-boi e baleias tiveram ancestrais em comum.
Relato a seguir algumas ideias curiosas tratadas no livro, mas também extraídas de outras fontes que fui lendo/aprendendo por aí que nos mostram que a evolução não apenas ocorreu, mas ainda é visível. Recentemente fiz uma palestra na faculdade sobre gestação em que mencionei coisas semelhantes. De certa forma a evolução que os seres vivos experimentam da concepção à morte, nos mostra várias etapas evolucionistas que reproduzem, num mesmo ser, os passos da evolução ao longo de milhares de anos.
Filhos de qualquer raça de cachorro são parecidos e a razão pra isso é que todos têm a mesma (e única) função: mamar. Imaginem como um filhote de Collie iria mamar se já nascesse com aquele “bico”. (repare que nós humanos também nascemos todos com o rosto achatado, porque assim como o Collie, precisamos mamar).
Um dos motivos para que o homem começasse a se unir em famílias e criar laços após nascerem os filhos foi ter assumido a posição bípede (em pé). Os primatas que andam de 4 conseguem carregar os filhos nas costas, mas mulheres não, e com isso ficam com um dos braços ocupados, dificultando muitas tarefas, precisando de ajuda. Assim o macho precisa ficar mais perto dela e começa a surgir um vínculo maior entre machos e fêmeas que tinham filhotes.
Flores e insetos evoluíram juntos. A flor precisa do inseto para polinizar e o inseto quer o açúcar, é uma troca de favores, mas que tem diversos aspectos evolutivos regulados ao longo de milhares de anos. Por exemplo, a quantidade de açúcar que a flor “entrega” ao inseto deve ser precisa, se for demais, ele fica satisfeito e não procura outra flor (não faz polinização) e se for de menos ela não volta nela. Nas descobertas de Darwin ele encontrou uma orquídea que tinha o depósito de néctar a 30 cm de profundidade na flor e disse: tem que existir um inseto capaz de chegar lá e polinizar a flor. Na época não se conhecia nenhuma espécie capaz disso, mas ele insistiu que era só uma questão de se procurar. Alguns anos mais tarde o inseto foi descoberto e classificado.
E quanto mais estudamos o ser humano, mais semelhanças com os outros animais nós achamos. Nossa busca pela evolução e melhoramento genético segue muito viva nos dias de hoje, só que a sociedade de certa forma mascara algumas manifestações puramente biológicas. Um exemplo é que mulheres, dependendo do período menstrual em que estão, podem achar o cheiro de suor de certo homem atraente ou repugnante. Ainda no campo do suor, jamais uma mulher sente atração pelo cheiro de um irmão, porque ele é um macho inútil, que não serve pra reproduzir. Um grupo de mulheres que convive diariamente, com o passar do tempo tende a menstruar todas juntas, mas com a pílula e outras intervenções, isso não se concretiza. A explicação para tal sincronia é que se um grupo de fêmeas entra no cio ao mesmo tempo, elas se ajudam na criação da prole. Se apenas uma fêmea engravidasse, ela poderia ficar pra trás do bando.

Com certeza tem gente que lê isso e conclui: quanta bobagem, bicho é bicho e gente é gente.
Em uma discussão histórica entre um biólogo e uma religiosa, ocorreu o seguinte diálogo:
Religiosa: quer dizer que a evolução de Darwin quer nos convencer que a partir de um ser aquático, com apenas uma célula nós fomos evoluindo, saímos da água, desenvolvemos pulmões, viemos pra terra, criamos membros, até chegar a esse ser complexo que é o homem hoje em dia?
Biólogo: a senhora fez isso em apenas 9 meses, e não quer acreditar que o mesmo possa ter ocorrido ao longo de milhares de anos?


Por que o homem jamais testemunhará a evolução? Porque não vivemos o suficiente pra isso.

Nós hoje somos como um policial do CSI, que chega à cena do crime e precisa entender o que ocorreu no passado mesmo sem testemunhar o crime e vai montando um quebra-cabeça. As peças estão todas espalhadas na natureza, basta saber procurar.