Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

22 mil km em 2900 palavras.


O Pedrinho (meu colega de faculdade, mestrado, doutorado e agora como professores) me convidou para ir com ele a um evento no México. Ele foi presidente do evento que discutiu Medidas de Atividade Física nas Américas. Era bate-volta, mas durante férias da faculdade e com tudo pago pelo NIH (tipo um Ministério da Saúde americano).
O destino da viagem era o Lago Chapala, 50km ao sul de Guadalajara. Nunca entendi muito bem porque escolhem esses lugares meio paradisíacos para eventos científicos.
Pra chegar lá a gente vai a PoA (de carro), São Paulo-Cidade do México-Guadalajara (3 voos) e pega um ônibus para o Lago onde seria o evento, ida e volta um total de 10 trechos, ou seja, muita coisa pode dar errado.
Na véspera da viagem eu descobri por acaso que um dos trechos de voo dentro do México havia sido alterado, já era um mau sinal. As instruções ao chegar a Guadalajara eram: "procurar pelo Juan que vai estar em frente ao restaurante Wings". Podia ser pior, poderiam me mandar procurar o Miguelito.
Fomos pra PoA de carona com um amigo do Pedrinho que pegou o mesmo voo para SP e estava indo para Boston. Na ida, nenhum problema com aeroportos, horários e embarques, apenas no check-in em PoA a fiscal encrencou com nossos desodorantes (até 100ml pode carregar, eu estava com uma embalagem de 105 ml, e argumentei que não era novo, e portanto não passava de 100ml).
Na viagem SP-Cidade do México viajamos junto com uma excursão duns 40 adolescentes, que pra comemorar o fim do ensino médio, foram passar uma semana em Cancún (sim, existe uma vida bem melhor, só que é muito cara). Um dos estudantes foi ao meu lado no avião e me contou os planos para a semana em Cancún. Deu vontade de ter uns 20 anos e ir com eles. Nem imagino o quão caro seja esse colégio da gurizada pra turma fazer esse tipo de programa. Praticamente não dormi na viagem SP-Mexico City (9h30).
Ao chegar à Cidade do México nos juntamos à Olga Sarmiento (pesquisadora de Bogotá) e outros colombianos. Ficamos esperando pelo transporte terrestre de Guadalajara ao hotel (que fica no Estado de Jalisco, Pueblo de Ajijic). Primeira refeição no México (aeroporto) e já acho estranho o cardápio - primeiro item que aparece: Tequila, 8 marcas. O pessoal que atende em restaurantes no México tem um ritmo meio nordestino de ser, sem pressa. Conversando com a Olga (que deve ter uns 30 anos) fiquei impressionado com o conhecimento dela sobre ciclismo. Fiquei até chateado de conversar com uma mulher que sabe mais do Tour de France do que eu e conhece o cara que tava com a camisa branca no Tour.

Chegamos ao hotel perto do meio-dia. O hotel fica numa faixa de terra entre uma floresta e o Lago Chapala, que é o maior do México (é mais ou menos um retângulo de água com 80km de comprimento e 20km de largura). O lugar é muito bonito. É um hotelzinho pra lua de mel, restaurantes ao ar livre, 3 piscinas, decoração rústica (mas com Wi-fi em todo hotel). E pior, a diária custa a mesma coisa que um Ibis do centro de PoA que eu costumo ficar. O México é muito barato pra nós, pros americanos então nem se fala. Próximo do hotel tem muitas casas de americanos. Uma americana me disse que as propagandas de corretores imobiliários falam: “conforto americano com preços mexicanos”.
Almoço no hotel e depois fomos pras piscinas. Conhecemos uma família de mexicanas (vó, filha, netas e bisneta). Gente divertida, a mãe das gurias queria nos “empurrá-las” a todo custo e insistia para que a gente começasse a beber, afinal já tinha passado das 4 da tarde e não tínhamos bebido nenhuma tequila, o que pra ela era muito estranho.
Fomos a um Wal-Mart gigante pra tentar achar tênis pro Pedrinho, ele conseguiu um tênis mexicano por 25 reais, coisa de primeira, acho até que o solado era de plástico. Fui comer um lanche de tarde e confundi o tamanho de nachos com tacos, acabei pedindo coisa demais, mas encarei a janta numa boa 2h30 depois. Tomamos um torrão ao sol, fiquei com o lombo coçando. À tardinha se formou uma tempestade de verão sobre o lago e choveu muito durante a noite, mas de resto da viagem, só sol. Apesar da previsão para essa região ser fixa - “possibilidade de tempestades”. Pôr do sol 20:45 mais ou menos.
No dia seguinte, café da manhã estranho, a primeira coisa que eu vejo é um pote enorme com cebola crua picada e carne de carneiro com molho. Comi cereal com um iogurte delicioso com pedaços enormes de várias frutas vermelhas, batata suíça e um pãozinho parecido com pita com presunto e queijo picados (picados porque eram pra rechear tortillas, eles não tem frios fatiados no café da manhã, mas em compensação tem uma sopa com espaguete, couve-flor, ervilha, cenoura...). E a única coisa que aparece em todas as refeições é a tortilla (uma massa de panqueca com gosto de Doritos).
Início do evento, me colocaram junto do Bill Kohl, Barbara Ainsworth e Elva Arredondo (como eu fui com o presidente do evento, me colocaram na zona do pessoal importante). O formato é tipo plenária, uma meia-lua com as pessoas mais importantes e um grupo ao fundo. O evento é basicamente em espanhol, com meia dúzia falando inglês. Umas 70 pessoas, de 18 países das 3 Américas. Não era um evento para estudantes, apenas pesquisadores, ou investigadores como eles falam em espanhol.
A única maneira de saber todas as coisas estranhas que comi na viagem seria tirando fotos e comendo com um caderno ao lado para ir anotando tudo. Vi algumas coisas bem interessantes como uma panela enorme só com fuço, pata e língua de porco. Peguei umas batatas doré com molho vermelho pensando ser molho de tomate, tolinho. No México tudo que é vermelho e não é melancia, pode ter certeza que arde pra burro, mesmo que eles digam que "no pica". Tirando água, tudo o Pedrinho perguntava se não picava, como se fizesse alguma diferença, o conceito de pimenta é outro, nada pica pra eles. As sobremesas são quase normais, mas comi um bolo chamado de 3 Leches que é maravilhoso e tem gosto de sorvete de creme. Bolo de kiwi também é muito bom e claro que tem umas coisas que comi, gostei e não faço ideia do que sejam. Em todas as refeições eu provei todos os doces, e nos salgados fugi de partes estranhas de animais. O peixe que era bem diferente. Devo ter ingerido umas 10mil calorias/dia tranquilo. Como eu sempre provava todos os doces, era comum alguma mulher me perguntar - Ok Marlos, se tivesses que comer apenas um, qual seria? O sorvete do hotel era delicioso, sorvete de amora (com pedaços) e sorvete de café.... detalhe, nenhuma infecção intestinal. Antes de ir mandaram a gente não aceitar nem gelo no México porque era perigoso. Não fizemos nenhum tipo de restrição e não pegamos nada. Acho que a pimenta mata tudo que é bichinho.
No México tudo é muito colorido, da comida às casas e inclusive cemitérios. Saí para uma caminhada/corrida à tardinha e cheguei numa rua sem saída que acabava num cemitério que estava fechado. Como eu não queria dar meia volta, resolvi pular o muro do cemitério. Assim que pulei me dei conta - e se eu caio mal e quebro um pé aqui? Domingo, quase anoitecendo, num cemitério fechado, longe do hotel, brasileiro.. bom, mas não quebrei nada. Coisa que adolescente faz, sem pensar. Na região de Guadalajara eles adoram a morte, as meninas quando completam 15 anos fazem um book em cemitérios e no aeroporto as lojas de souvenir têm muita coisa relacionada à morte.

No evento conheci gente interessante, além de alguns “importantes” (quase nunca os importantes são os mais interessantes). Durante uma mesa-redonda sentei ao lado do Simon Marshall porque só eu e ele falaríamos inglês, pra facilitar o microfone que mandava som para as intérpretes. Gente finíssima o Simon, professor da San Diego University e um dos caras que mais entende de acelerometria no mundo (ok, falei grego agora).
Até que o meu note entrou em descanso de tela, ele viu um ciclista na tela e perguntou se eu pedalava. Eu falei todo orgulhoso - “I’m a triatlhete”. Como ele vive na Califórnia, imaginei que devesse conhecer o esporte (San Diego está pra o triathlon assim como San Francisco está para os gays). Bom, aí o cara falou, com um sotaque britânico: “eu quase fui pras Olimpíadas representando a Inglaterra no ciclismo, faltou pouco, mas a minha esposa faz triathlon, abre um Google aí e digita Lesley Patterson”. Bueno, a mulher do cara é da equipe K-Swiss/Trek, é treinadora de triathlon e é uma das 10 melhores do mundo na modalidade de triathlon Xterra. Em seguida ele me pergunta se eu tenho Facebook e fala que quando eu passar por San Diego devo fazer um training camp com a mulher dele e combinar umas pedaladas. Ok Simon. Não vou esquecer do convite.
No mesmo dia um Mexicano (Felipe Belausteguigoitia, esse é o nome dele mesmo, só sei porque ele me deu um cartão) veio perguntar umas coisas sobre meu trabalho de doutorado e quando eu disse que era de Rio Grande ele me diz que já passou pela cidade, de bicicleta. O maluco viajou de bike da Terra do Fogo até a Cidade do México, passou um ano pedalando. Bom, a história toda daria outro post, mas perguntei se ele pensou em desistir. Resposta: “sim, no segundo dia meus joelhos não se mexiam mais, mas descansei por 2 dias numa barraca cercado de neve e fui em frente. Na verdade eu iniciei a pedalada longe de casa para não desistir no início e dar meia volta. Tinha dia em que eu conseguia pedalar 20km, em outros andava 100.” E o cara se lembra até hoje da estrada do Chuy.
Bom, muitas fotos, muitas conversas (até falei bastante espanhol, mas só em conversa informal, coisa séria tem que ser em inglês porque meu espanhol se resume a umas 248 palavras e muitas são inúteis, como manubrio), mas tínhamos que voltar. Foram apenas 3 dias em solo mexicano.
Após o final do evento, lá pelas 5 da tarde, pegamos uma Van para o aeroporto de Guadalajara, fomos juntos com as intérpretes (uma austríaca e uma americana). Guadalajara é a segunda cidade do México, tem um belo aeroporto, mas o povo é exatamente aquela coisa caricata que a gente imagina, olhar a zona de embarque pra Tijuana nos dá a impressão de se estar numa rodoviária de interior, nem mala as pessoas usam, só sacos plásticos coloridos. Todos os homens com bigode e chapéu, pessoas com aquela cor que eu fico no verão, cada mulher devidamente acompanhada de seus 6 filhos, etc.
Ao chegar ao aeroporto tivemos a notícia de que a Aeroméxico havia anunciado um atraso de 14h no nosso voo Mexico City/SP. Nós voaríamos em seguida de Guadalajara pra Mexico City, e eles iriam nos pagar hotel para ficarmos aquela noite ainda no México. Eu tava até gostando da ideia, na real quase pedi pro cara passar minha passagem pruns 5 dias mais tarde, mas poderia dar galho com o reembolso depois. Mas o Pedrinho não aceitou (tava louco de saudade do filho) e inventou uma palestra de abertura que ele teria que fazer e tinha que ir pro Brasil rápido, nem que nos mandassem via outro aeroporto, tipo Buenos Aires.
O espanhol do Pedrinho é “escasso”, ele explicando isso pros funcionários em portunhol misturado com inglês foi impagável. 40 minutos de conversa no balcão da Aeromexico e nos mandaram pra Santiago, Chile. Eu percebi o ziguezague que faríamos, mas na hora o Pedrinho teimava que Santiago “era caminho” até SP. Os 3 voos de volta pra casa se transformariam em 4.
Entregamos nossas malas em Guadalajara com aquela sensação de que não as veríamos tão cedo. A cada 10 minutos o Pedrinho me olhava e dizia: “Marlos, tamo fudido”. Diversos atrasos nos voos, mas nenhum suficiente para nos fazer perder conexões (as malas viajaram direitinho também). Jantamos no aeroporto da Cidade do México, comi um burrito, mas não fiquei satisfeito e fui pegar umas bobagens (em viagem eu gosto de comer bobagens calóricas que façam pouco volume, tipo chocolate. Se alguma mulher ler isso peço que não se ofenda por eu ter chamado chocolate de bobagem). Aí queria algo salgado e peguei batata frita sabor Jalapeño, porque era a mais diferente que tinha. Eu já tinha visto essa palavra, mas não me lembrava o que era. Na primeira batata me lembrei o que era Jalapeño, um tipo de pimenta, óbvio. Mas tudo bem, o calorão passou em menos de 1h e a ardência no céu da boca durou apenas 3h. Incrível que deixar Snickers derretendo na boca e escovar os dentes não tem qualquer efeito, parece que a ardência vem de dentro e vai até os olhos. Mas comi até o último farelo. Sempre no princípio de “provar coisas novas e ir até o fim, mesmo que com lágrimas nos olhos”.
Nesse aeroporto aconteceu algo nunca visto antes, o detector de metais disparou quando o Pedrinho passou e nada foi feito. Tem uma baita diferença entre sair de casa de manhã cedo, limpinho e cheiroso pra encarar uma viagem longa e iniciar uma viagem no fim do dia, já devidamente cansado, suado, etc. Por que os aeroportos não criam banheiros com banho, mesmo que fosse pago? Estão perdendo de ganhar dinheiro.
O voo pra Santiago foi tranquilo, viajei entre o Pedrinho e uma uruguaia. Infelizmente só ficamos sabendo que ela era uruguaia e entendia português depois de termos falado algumas bobagens em voz alta. Até que eu puxei assunto com ela em espanhol ou inglês e ela me respondeu - pode falar português que eu entendo. Como o voo era entre o México e o Chile, imaginamos que ninguém falasse português na nossa volta. Nos enganamos.
Quando comentei com um comissário de bordo da Aeromexico sobre o nosso desvio de rota ele comentou rindo - “quem mandou voar pela Aeromexico”. Perto de aterrissar em Santiago, o piloto informa - “temperatura em Santiago: 1 grau”. Na véspera teve uma baita nevasca em Santiago. Como eu sou gaúcho, pensei - vou até botar um moletonzinho (que era só o que eu tinha à mão, já que as malas só veríamos em SP). O aeroporto de Santiago é muito bonito e fica encravado no meio da cordilheira. Fiquei com vontade de conhecer o Chile, o máximo que consegui foi fazer umas fotos dos Andes, de dentro do aeroporto.
A essa altura a minha vontade era de queimar minha roupa, meu último banho foi domingo de noite e o próximo estava previsto para terça de noite. Considerando o calor mexicano, correrias carregando malas, etc. encharquei a roupa com suor várias vezes. Nessa hora eu estava com o relógio de pulso no horário Chileno, celular no horário mexicano e notebook no horário brasileiro. Como o relógio biológico estava completamente desregulado, a gente comia coisas estranhas em horários estranhos, por impulso. O diálogo era sempre o mesmo entre nós: “tu tá com fome? Não sei. Vamos comer? Claro”. Entrei numa loja de chocolate, peguei uma barra linda (70% cacau) e comecei a comer indo ao caixa pagar, 16 reais. (mas em termos de preço o mais ridículo foi no Brasil mesmo. Peguei um potinho com chicletes Mentos e fui pro caixa e a guria me avisou - moço, é 11 reais, vai levar mesmo?)
A decolagem em Santiago é muito bonita, pena eu não ter ficado numa janela. Viajei ao lado de um casal judeu daqueles típicos, barba branca de meio metro, chapéu, trancinhas do lado das orelhas, comida especial pra eles a bordo e uma falta de educação que me impressionou. Eles vestindo apenas preto e branco e eu todo de preto, parecíamos uma família. Esse voo foi pela LAN, muito bom o serviço de bordo, vinho Chileno, alfajor Havana e as aeromoças passam mais tempo vendendo produtos de free shop do que servindo. Apesar de todos os aeroportos possuírem Free Shops, o pessoal compra muito perfume e relógio a bordo.
Chegamos a SP na hora programada e agora só faltava um voo até PoA. Percebi que o cérebro tava cansado quando, em Guarulhos, eu quase perguntei em espanhol se a mulher aceitava dólares americanos. O Pedrinho pegou ônibus 22h pra Pelotas, mas eu resolvi ficar em PoA pra dormir já que não tinha dormido mais do que 3 horas em todos os voos.
Em resumo, as viagens foram assim:
Ida: RG, PoA, SP, Cidade do México, Guadalajara, Lago Chapala (Ajijic/Jalisco) - 9,7 mil km
Volta: Lago Chapala, Guadalajara, Cidade do México, Santiago, SP, PoA, RG - 12 mil km

Como dizem que a terra tem 40 mil km de circunferência, dá pra dizer que demos meia volta na terra em 5 dias. Só me arrependi de não ter entrado em contato com o órgão que pagou as passagens para ficar mais no México, acho que não teria problema. É que desde o início eu não vi a viagem como turismo e sim trabalho, além de não querer gastar muito, mas daria pra ter ficado mais uma semana por lá entre Guadalajara e a Cidade do México, até porque é barato pra gente ficar lá, é um pouco caro pra ir, mas hospedagem e comida são baratos. E apesar de ouvir muito antes de ir, não, eu não trouxe um sombrero.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mr. Big – Bar Opinião – Porto Alegre



Início dos anos 90. MTV entrando no Brasil (nessa época a MTV tocava música, inclusive rock) e surge um clip em preto e branco. Um cara com rosto e voz de mulher, cantando uma baladinha chamada "To be with you" que rapidamente infectou todas as rádios do país. A baladinha era igual a uma centena por aí. O que chamava a atenção era a banda que tinha o guitarrista Paul Gilbert (ex-guitarrista do Racer-X, considerado um dos 5 melhores guitarristas do mundo) e o baixista Billy Sheehan, que foi considerado 5 vezes como melhor baixista pela Guitar Player e que já tinha tocado com Steve Vai ao lado de David Lee Roth (ex-Van Halen).


Antes do disco da baladinha (Lean Into it) eles já tinham lançado um primeiro disco (Mr. Big), mas sem repercussão, muito menos no Brasil (lembrar que isso foi na pré-história, e antes da mp3 se não faziam sucesso os discos não eram importados e as rádios não tocavam).

Mas não era possível que aqueles músicos fossem formar uma banda pra tocar baladas acústicas, e realmente, a baladinha serviu apenas pra chamar a atenção da mídia pra banda, já que o que eles faziam era muito mais do que isso. Mas eles ainda eram de uma época em que as bandas tinham que ter pelo menos uma balada por disco.

O Mr. Big mostrou em seguida que era realmente uma banda de rock com grandes músicos e que tinha um vocalista com uma voz singular. Me lembro que ao falar da banda pra quem não conhecia (ainda mais entre músicos) a primeira reação era torcer o nariz, até ouvir o "resto do disco" e mudar de ideia. Como tem uma frase no UTube num dos vídeos da banda: “desafio qualquer guitarrista a tentar tocar pelo menos a introdução dessa música”.

Em 1993 eles lançam outra balada que fez sucesso, regravação da Wild World do Cat Stevens no mesmo disco que tem a melhor música da banda (que pra minha tristeza não estava no setlist de Porto Alegre) – The whole world is gonna know.

Entre 1989 e 2001 eles lançaram seis discos com inéditas. Após o lançamento em 2001 do disco Actual Size eles sumiram do mapa. Foi cada um pro seu lado, um novo guitarrista (Richie Kotzen) fez alguns shows com a banda, até que em 2009 eles decidem voltar à formação original e lançam o disco What if..., que tem como música de trabalho a Undertow.

Quando ouvi falar da vinda deles a Porto Alegre. Achei que fosse um resto da banda, mas pra minha surpresa era a banda original e eu veria Paul Gilbert e Billy Sheehan no Opinião em Porto Alegre, meio estranho, mas tava lá anunciado.

O Opinião foi pequeno, os organizadores não esperavam tanta procura e lotou mesmo, mas consegui um lugar direito pra ver o show, até porque lá nem tem como ficar muito longe do palco. O show iniciou exatamente na hora marcada e durou 2h15’. Abriram com Daddy, Brother, Lover & Little boy, música em que o guitarrista usa uma furadeira pra tocar guitarra (até hoje não sei se foi ele ou o Eddie Van Halen quem inventou a moda). O setlist teve músicas de todas as épocas mesmo, largando uma ou outra coisa nova de vez em quando. O que chama a atenção é a naturalidade dos músicos em tocar daquele jeito, eu pelo menos nunca tinha visto um guitarrista como aquele ao vivo e muito menos um baixista. Tem hora em que se tem a impressão de 2 guitarras no palco, mas é a maneira com que o baixo é tocado.

O show teve 2 bis, sendo que num deles os músicos fazem várias trocas de instrumentos. Eles tocam Smoke on the Water do Deep Purple e no início da música a formação é: guitarrista na bateria, baterista no baixo, baixista cantando e vocalista na guitarra. No meio da música nova troca de instrumentos e baixista vai pra guitarra (fazer o solo), baterista canta e o vocalista assume o baixo. Eles vêm fazendo essa brincadeira desde 2009, como aparece aqui no show do Budokan.

Uma prova de que eles são excelentes ao vivo é que até hoje a banda lançou mais discos ao vivo do que e estúdio. Como em todo show de rock, público super calmo e com certeza com muito músico no meio. Ainda é grande o contingente de cabeludos com roupas de couro em Porto Alegre, e nessas ocasiões eles aparecem com força total. Em resumo, excelente show, mesmo sem tocar algumas que eu gostaria de ouvir.