Não é segredo pra ninguém que eletrônicos e material esportivo são mais baratos no exterior do que no Brasil. Muitas vezes os preços lá fora ficam por volta de 50% do que pagamos aqui, e às vezes eu ouço gente reclamando que os comerciantes brasileiros estão metendo a mão e querendo ganhar mais do que devem. Eu acho que, apesar de ter distribuidor metendo a mão, a coisa não é bem assim.
Espero que os comerciantes mais próximos de mim (
Lumbra e
Lizandro) não se importem com o que vou escrever, até porque não considero que as compras no exterior representem uma concorrência pra eles.
Eu recentemente fiz 3 compras no exterior via internet e logo aprendi que a gente não pode se jogar de cabeça porque cada item tem que ser avaliado para ver se vale a pena. E uma desvantagem de comprar lá é que, se nos cobram imposto, o pagamento tem que ser à vista, já os lojistas locais nos facilitam o pagamento.
Se trazemos pessoalmente algo do exterior, a tarifa a pagar é de 50% sobre o que ultrapassar a cota, mas se compramos algo pela internet, o imposto cobrado pode ir de 0 a 100%, e infelizmente, apesar de existir lei para isso, sempre é uma incógnita. Vou ilustrar isso com algo que aconteceu comigo (ambos os sites do Reino Unido):
Pacote 1 (veio pela UPS) - 1 par de pneus Schwalbe Ultremo R1
Foi cobrado imposto de 100%
Pacote 2 (veio pelo Royal Mail International)
1 par de pneus Schwalbe Ultremo R1 - 1 par de luvas Giro - 1 alongador de válvula Topeak
Não cobraram nada de imposto
A impressão que se tem é que pacotes pequenos “podem” passar sem imposto, mas o comprador tem que sempre estar preparado para o pior (pagar no ato até 100% de tarifa alfandegária).
Mas quando vale a pena comprar no exterior?
Como eu disse, cada caso tem que ser avaliado sempre pensando assim: e se me cobrarem 100% de imposto, ainda assim vale a pena mandar vir de fora?
Quanto maior o pacote, maior a chance de ser tarifado. Uma bike, por exemplo, jamais vai entrar “despercebida” pela receita federal, um par de rodas, idem. Abaixo um exemplo de compra que vale muito a pena:
Roda Mavic Cosmic Carbone SL Premium (sem chance de entrar sem imposto)
Preço médio no Brasil - 6 mil reais
Preço lá fora (já com frete e impostos) = 3700 reais (mas considere que você precisará botar no cartão de crédito internacional em torno de 1800 reais e estar com bala na agulha pra pagar o restante no momento em que a mercadoria entrar no Brasil - tudo bem, esse restante também pode ser pago com cartão de crédito, mas tem que ser à vista).
Coisas menores que dependendo da sorte entram sem imposto, e mesmo que a diferença seja pequena, vale a pena arriscar:
Selim Fi’zi:k Arione CX Carbon
Preço no Brasil - 1200
Preço lá fora - 515 (sem imposto) OU até 990 reais (com imposto)
Clip para triathlon T2 + Cobra (Profile Design)
Preço no Brasil - 750
Preço lá fora - 340 reais (sem imposto) OU até 650 reais (com imposto)
Roupa de borracha Orca (com chance de entrar sem imposto, como vestuário)
Preço no Brasil - 2500 reais
Preço lá fora - 940 reais OU até 1800 com imposto
Uniforme de triathlon Orca (alta chance de entrar sem imposto, por ser pequeno e vestuário)
Preço no Brasil - 450
Preço lá fora - 190 OU até 360 com imposto
O tempo de entrega é de 10 dias em média, sendo que metade (ou mais) do tempo já é dentro do Brasil por causa do trâmite alfandegário.
Por uma questão de princípio, eu só compro de fora em 2 situações: quando o produto não existe no Brasil ou quando a diferença é muito grande, do contrário prefiro incentivar o comércio local/nacional. Mas em 90% dos produtos a gente chega à conclusão de que os lojistas brasileiros geralmente fazem o que podem, e o que realmente nos arrebenta (a nós e aos comerciantes) é o imposto absurdo.
O Brasil quer ser um país olímpico. Um excelente incentivo ao esporte seria deixar de tributar material esportivo. É um absurdo que viajantes possam trazer 12 litros de bebidas alcoólicas, 10 maços de cigarros, 25 unidades de charutos e 250 gramas de fumo sem pagar imposto, mas se eu for comprar uma bicicleta ou um par de rodas no exterior, serei tarifado em até 100%. Por que não tarifar bem alto a entrada de bebida alcoólica e fumo, que são geradores de prejuízo em todos os sentidos e não trazem nada de bom nem para o país ou para quem consome?
A desculpa é que existem similares nacionais no ramo esportivo e que a entrada desses produtos no país ameaça a indústria nacional (sem comentários, como se o Brasil não fabricasse bebida alcoólica).
O governo considera que é “melhor” para o país que entre cachaça e cigarro do que material esportivo. E é assim que se quer fazer uma nação olímpica?