Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Diferença de idade.
Uma diferença de 60 anos entre um casal é muita coisa? Depende do "espírito jovem" do lado mais velho. Olhem bem pra cara de safado e contente do senhor ao lado.
O dono da Playboy, por exemplo, de 84 anos, vai se casar com uma playmate de 24 anos.
Na verdade a diferença que realmente importa nesse caso é a monetária.
Mas deixa o velho, é uma troca de favores como tantos outros casamentos.
Complicado vai ser quando ela fizer 40 e ele tiver 100, as mulheres de 40 hoje em dia são muito jovens ainda, e ele com 100 provavelmente vai começar a demonstrar alguns sinais de envelhecimento. Mas como a chance dele empobrecer até lá é mínima, com certeza a chama da paixão se manterá acesa.

domingo, 28 de novembro de 2010

Prêmio Triathlon: "Estúpido do ano".



domingo, 21 de novembro de 2010

Volta da Ilha dos Marinheiros.
Eu não costumo escrever relatos de competições, mas hoje fiz uma corrida que me marcou por alguns motivos. Foi a prova mais longa que já fiz (24km em saibro e sem sombra), fiz meu melhor tempo de meia maratona (1h 42') e um corredor da prova morreu, o que é uma experiência meio surreal.
Bom, mas vamos à corrida. Meu plano era fazer 1h 54’ (coloquei o GPS para manter o ritmo de 4’45” pra cada km) e acabei fazendo 1h 57' 13", ou seja, fiz cada km em 8 segundos acima do que planejei, mas tudo bem, o dia estava muito quente, dei umas caminhadas pra beber com calma e pelo que ouvi todo mundo ficou com tempos acima do esperado. Meu percurso está aqui registrado no GPS . O que me chama atenção é que realmente nós temos um ritmo de corrida e é bem difícil mexer com isso. Eu falo assim porque meu melhor tempo em Meia Maratona era de 1h 48’, mas isso foi feito depois de nadar 1900 metros e pedalar 90 km. Era de se esperar que estando descansado eu fosse muito mais rápido, mas na verdade eu consegui fazer 6 minutos a menos apenas, ou seja, estando descansado eu fui somente 5% mais rápido. Até é diferença, mas se a gente pensa em pedalar 90km e depois correr ou simplesmente iniciar a correr descansado, o esforço é bem distinto. Larguei meio acelerado e o pessoal que eu sabia que iria no meu ritmo (Kiko e Rafael Ilha) demorou a me alcançar, um pouco antes do meio da prova eles me alcançaram, mas ficamos pouco tempo juntos e eu segui na frente deles. (na foto pós-prova em escadinha - Kiko, Rafael Ilha (ex-obeso), Pedro Zeleniakas e eu). O pessoal se assusta porque eu caminho de vez em quando, mas é mania mesmo, se passo por um posto de água e tem uma sombrinha por perto, eu valorizo aqueles metros pra beber com calma e curtir alguns segundos de sombra, que eram raridade na prova de hoje. Levei comigo 4 garrafinhas de isotônico, tomei água em todos os postos e ainda dilui num copo uma pastilha com eletrólitos. Após a chegada foram mais 2 copos e 2 garrafas de água - só fui fazer xixi 4 horas depois, e com cor de whisky - ou seja, mesmo com todo meu esforço pra manter a hidratação, não deu. Isso me causou um enjôo pós-prova e só fui conseguir comer 2h mais tarde. Semana passada corri uma etapa do estadual de triathlon (em Osório) e fiquei em quarto lugar. Hoje repeti a colocação.

Mas o lado triste que com certeza marcará o evento foi a morte do corredor (que já está em todos jornais online). E sempre ouvimos aquela frase clássica - “como tem morrido atleta né”. Eu sempre penso: atletas são pessoas, e pessoas morrem, alguns morrem parados em casa aos 40 anos, outros morrem fazendo sexo aos 80, e alguns morrem jogando futebol com 25.
O corredor que faleceu tinha 54 anos, era funcionário da Universidade (FURG) e estava participando da Volta de 24km. Assim que cruzei a linha de chegada ouvi a notícia me assustei porque o pai de um grande amigo meu também é da Furg (Paulo Rubira), estava na corrida e tem mais ou menos essa idade, mas em seguida falaram o nome do falecido e vi que não era ele.
Possivelmente a imprensa ou meros espectadores agora começam a comentar sobre o esforço que é uma prova dessas, em que pessoas chegam ao ponto de exaustão que leva à morte. Lá na hora mesmo muitas pessoas já falavam - "ah, mas o dia está muito quente". Mas esse caso específico nada tem a ver com a prova em si ou com as condições da mesma.
Para se ter um infarto fulminante basta estar vivo, em mais de 40% dos casos de doença cardíaca, o primeiro sintoma é a morte. O acidente cardíaco (que culminou com a morte) ocorreu com menos de 10 minutos de prova, ou seja, com certeza o trágico evento é consequência de alguma atitude tomada antes da prova, possivelmente no(s) dia(s) que antecederam a competição ou simplesmente ele iria morrer, mesmo se estivesse em casa vendo o Esporte Espetacular. Nesses momentos começam os comentários, como por exemplo: ele havia corrido 2h na véspera e teria consumido grande quantidade de bebidas "estimulantes/energéticos". Realmente, essa tem sido uma prática cada vez mais comum e o pessoal acha engraçadinho ter taquicardia. Hoje existem vários produtos ricos em cafeína, taurina, etc. que são estimulantes, mas esportivamente podem se somar a outros fatores (adrenalina, calor, desidratação, um coração meia boca, etc.) e causar desmaios ou algo pior. Não conhecia o corredor pessoalmente, mas parece que ele não tinha um estilo de vida muito regrado para quem quer ser atleta amador, mas isso realmente não faz qualquer diferença agora e ficar procurando causa mortis é 100% inútil. O único lado bom de se aprofundar uma investigação dessas é se constatado que foi alguma imprudência, poder mostrar pro pessoal no futuro que não dá pra brincar com algumas coisas.
Outra crítica no momento foi em relação ao socorro prestado. As ambulâncias estariam mais a frente com o pessoal da "elite". Eu nem quero entrar nesse assunto, mas perdi a conta de ir a competições em que o socorro anda com os primeiros lugares, justamente quem menos precisa. E isso ocorre com mais frequência em provas de natação (Travessias), o que é mais sério ainda. É comum vermos vários barcos cercando os primeiros colocados e do meio pra trás o pessoal vem sozinho, meio desnorteado, andando em ziguezague e se algo acontece... não sei se hoje aconteceu algo parecido, mas muitos disseram que a ambulância demorou a chegar. E se tivesse chegado antes???? Não dá pra saber.

domingo, 7 de novembro de 2010

It’s evolution, baby!!!

I'm ahead, I'm a man. I'm the first mammal to wear pants, yeah
I'm at peace with my lust, I can kill 'cause in God I trust, yeah
It's evolution, baby.


Os versos são da música “Do The Evolution” do Pearl Jam que trata com ironia a evolução do ser humano.
Acabei de ler o livro “The greatest show on Earth - the evidence for evolution”, do escritor/biólogo Richard Dawkins . Eu dei o livro de presente ao meu orientador de doutorado, e assim que ele leu me recomendou, acabou que o livro ficou mais tempo comigo do que com ele. O autor Richard Dawkins ficou famoso por ser um fervoroso ateu, mas nesse livro o enfoque é muito mais biológico do que religioso, por isso é bem mais interessante do que outros títulos dele. O livro trata da evidência para evolução e discute a posição dos católicos que não aceitam a evolução como um fato comprovado pela ciência. O autor demonstra a evolução rivalizando as descobertas evolucionistas com os dogmas creacionistas da igreja. Pela religião, nosso planeta tem por volta de 10 mil anos apenas, Deus criou todas as criaturas do mundo na forma atual e ponto final, crenças compartilhadas por mais de um terço dos americanos, por exemplo. Para os mais radicais, Darwin é um grande mentiroso e suas teorias são absurdas.
Algumas perguntas que os opositores à evolução fazem aos biólogos são até infantis, como, por exemplo: 1. por que não existem fósseis mostrando todas as etapas da evolução? Para algumas espécies até existe, mas a razão principal é que a formação de fósseis depende de uma situação geológica muito específica, que não acontece a toda hora.
2. Se o macaco evoluiu até o homem, por que nunca se viu um macaco dando à luz a uma criança? Por que a evolução não se dá de uma geração pra outra. Além disso, ninguém afirma que o macaco evoluiu até chegar ao homem, mas o que se sabe é que ambos tiveram um ancestral em comum. Da mesma forma que ao analisar as semelhanças fica bem evidente que hipopótamo, peixe-boi e baleias tiveram ancestrais em comum.
Relato a seguir algumas ideias curiosas tratadas no livro, mas também extraídas de outras fontes que fui lendo/aprendendo por aí que nos mostram que a evolução não apenas ocorreu, mas ainda é visível. Recentemente fiz uma palestra na faculdade sobre gestação em que mencionei coisas semelhantes. De certa forma a evolução que os seres vivos experimentam da concepção à morte, nos mostra várias etapas evolucionistas que reproduzem, num mesmo ser, os passos da evolução ao longo de milhares de anos.
Filhos de qualquer raça de cachorro são parecidos e a razão pra isso é que todos têm a mesma (e única) função: mamar. Imaginem como um filhote de Collie iria mamar se já nascesse com aquele “bico”. (repare que nós humanos também nascemos todos com o rosto achatado, porque assim como o Collie, precisamos mamar).
Um dos motivos para que o homem começasse a se unir em famílias e criar laços após nascerem os filhos foi ter assumido a posição bípede (em pé). Os primatas que andam de 4 conseguem carregar os filhos nas costas, mas mulheres não, e com isso ficam com um dos braços ocupados, dificultando muitas tarefas, precisando de ajuda. Assim o macho precisa ficar mais perto dela e começa a surgir um vínculo maior entre machos e fêmeas que tinham filhotes.
Flores e insetos evoluíram juntos. A flor precisa do inseto para polinizar e o inseto quer o açúcar, é uma troca de favores, mas que tem diversos aspectos evolutivos regulados ao longo de milhares de anos. Por exemplo, a quantidade de açúcar que a flor “entrega” ao inseto deve ser precisa, se for demais, ele fica satisfeito e não procura outra flor (não faz polinização) e se for de menos ela não volta nela. Nas descobertas de Darwin ele encontrou uma orquídea que tinha o depósito de néctar a 30 cm de profundidade na flor e disse: tem que existir um inseto capaz de chegar lá e polinizar a flor. Na época não se conhecia nenhuma espécie capaz disso, mas ele insistiu que era só uma questão de se procurar. Alguns anos mais tarde o inseto foi descoberto e classificado.
E quanto mais estudamos o ser humano, mais semelhanças com os outros animais nós achamos. Nossa busca pela evolução e melhoramento genético segue muito viva nos dias de hoje, só que a sociedade de certa forma mascara algumas manifestações puramente biológicas. Um exemplo é que mulheres, dependendo do período menstrual em que estão, podem achar o cheiro de suor de certo homem atraente ou repugnante. Ainda no campo do suor, jamais uma mulher sente atração pelo cheiro de um irmão, porque ele é um macho inútil, que não serve pra reproduzir. Um grupo de mulheres que convive diariamente, com o passar do tempo tende a menstruar todas juntas, mas com a pílula e outras intervenções, isso não se concretiza. A explicação para tal sincronia é que se um grupo de fêmeas entra no cio ao mesmo tempo, elas se ajudam na criação da prole. Se apenas uma fêmea engravidasse, ela poderia ficar pra trás do bando.

Com certeza tem gente que lê isso e conclui: quanta bobagem, bicho é bicho e gente é gente.
Em uma discussão histórica entre um biólogo e uma religiosa, ocorreu o seguinte diálogo:
Religiosa: quer dizer que a evolução de Darwin quer nos convencer que a partir de um ser aquático, com apenas uma célula nós fomos evoluindo, saímos da água, desenvolvemos pulmões, viemos pra terra, criamos membros, até chegar a esse ser complexo que é o homem hoje em dia?
Biólogo: a senhora fez isso em apenas 9 meses, e não quer acreditar que o mesmo possa ter ocorrido ao longo de milhares de anos?


Por que o homem jamais testemunhará a evolução? Porque não vivemos o suficiente pra isso.

Nós hoje somos como um policial do CSI, que chega à cena do crime e precisa entender o que ocorreu no passado mesmo sem testemunhar o crime e vai montando um quebra-cabeça. As peças estão todas espalhadas na natureza, basta saber procurar.

domingo, 10 de outubro de 2010

Bon Jovi & Rush in SP

As diferenças mais visíveis entre os shows eram: no Rush havia mais camisetas pretas e cabelos brancos na plateia. No Rush a área VIP estava proporcionalmente mais cheia que as outras, provavelmente reflexo da faixa etária do público, gente que já não tem mais idade pras horas de fila e quer ver a banda mais de perto (porque foi pro show sem óculos). No Bon Jovi o público era 50/50 (metade homem, metade mulher), no Rush era metade homem e a outra metade também. Não, falando sério tinha mulher na plateia, mas poucas eram visivelmente fãs do Rush, a maioria parecia estar lá como acompanhante. Fila pros banheiros: no Rush não havia fila feminina, mas a masculina era imensa, praticamente o oposto do BJ. Como no Rush o público era ligeiramente mais velho, tinha bastante gente fumando maconha, o que está completamente fora de moda.
O show do BJ estava muito bom, mas o do Rush é uma experiência que qualquer músico deveria ter, gostando ou não de Rush. Eu mesmo não me considero um grande fã da banda, mas ouvi muito Rush quando comecei a tocar guitarra e ouvir rock "de verdade" (1986). Nessa época os LP's do Deep Purple, Led Zeppelin, Pink Floyd e Rush eram os mais tocados na minha casa e dos amigos. E eu jamais poderia imaginar que um dia assistiria eles ao vivo, muito menos que eles ainda estariam na ativa quando eu estivesse me aproximando dos 40 (a banda surgiu em 1968). E na transição dos LP’s para os CD’s da juventude, meu primeiro CD foi o Slippery when wet do Bon Jovi, presente de aniversário (17 anos) de uma namorada. Os gaúchos do Fresno abriram pro Bon Jovi, e já se sabia que seriam hostilizados pela plateia. Algumas vaias, muitos dedos erguidos, mas acho que não tem muito cabimento vaiar os guris, afinal, eles estavam trabalhando e encarar mais de 60 mil pessoas com vaia não deve ser fácil, acho que ninguém merece isso. Mas que eles são fraquinhos, isso são. O Bon Jovi tocou músicas de 3 épocas bem distintas da banda, uma cover de Pretty Woman (Roy Orbison), coisas antigas como Runaway, Blood on blood, I'll be there for you; músicas dos anos 90 como In these arms, Keep the faith, e as mais recentes We Weren't Born to Follow e Lost Highway, mas praticamente todas as mais conhecidas via FM foram tocadas (You Give Love a Bad Name, Born to Be My Baby, It's My Life, Always, Someday I'll be Saturday Night, Livin' on a Prayer e Bed of Roses). Das mais melosas, só ficou de fora Never say goodbye pra não dizer que tocaram todas as conhecidas. Antes do show eu havia lido um comentário negativo sobre um DVD ao vivo recém lançado dizendo que a banda estava longe da sua melhor forma. É óbvio que eles não têm mais 25 anos (têm o dobro disso), mas nenhum prejuízo ao show, muito pelo contrário, acho que o Jon Bon Jovi ficou menos exibido com os anos e a banda parece uma coisa única ao invés de um frontman com uma banda de apoio. O guitarrista Richie Sambora segue o mesmo, tocando e cantando muito bem. No show inclusive a música Lay your hands on me é cantada apenas por ele enquanto o Jon descansa. Só o gosto dele por guitarras esquisitas é que piorou, já o Jon segue usando aquele mesmo modelo de violão preto Takamine (ok, ele comprou antes de mim, eu que imitei ele mesmo). Por volta de 27 músicas, tocadas em mais de 2h 30'. E ouvi alguns comentando "ah, eu vim porque ELA queria vir, mas até que gostei bastante". Na plateia vários remanescentes da época "poodle rock n' roll", de cabelo comprido, couro, brincos, correntes, etc. Acabei de ler que o show do Rio, além de ter 5 músicas a menos, teve um repertório bem “inferior” ao de SP, deixando de fora coisas que o pessoal queria ouvir e incluindo músicas meio obscuras no setlist. Uma moça me fez mudar de lugar durante o show, ela insistia em cantar TODAS as músicas do início ao fim, com aquele inglês do Yázigi que só o brasileiro tem e sempre meio tom acima - insuportável.

No Rush a surpresa ficou por conta dos vídeos cômicos que eles projetam no início, meio e final do show, nos quais eles são os atores. O show tem uma parada de meia hora, e eles explicam que isso deve-se ao fato da idade dos componentes da banda que precisam descansar, ir ao banheiro, etc. afinal são senhores de 60 anos, mas como tocam os “velhinhos”. Em todas as músicas os 3 provam porque são das raras unanimidades, sendo admirados pelo pessoal do Jazz, rock, metal, etc. O baterista Neil Peart diminuiu a sua bateria (em tamanho), mas segue sendo um show à parte. Na maioria das listas de “melhor do ano” ele nem é mais concorrente porque na categoria melhor baterista perdeu a graça e tiraram ele da concorrência desde a década de 80. Não tem nada simples no jeito com que ele toca, parece que tem sempre outro baterista tocando junto.
Tudo bem que eles usam bases pré-gravadas e sintetizadores, mas é incrível a potência do som que o trio consegue produzir ao vivo, nenhum DVD ou filmagem consegue reproduzir. E eu fui ao show principalmente por esse motivo, não como fã de cantar música junto, mas eu queria ver a qualidade técnica da banda e mesmo esperando o melhor possível eu ainda fiquei surpreendido. As músicas que mais fizeram o pessoal delirar foram as conhecidas Closer to the heart, Tom Sawyer (lembram da abertura do McGyver??) e a The Spirit of radio (pra quem é gaúcho, tema de abertura do Jornal do Almoço durante anos) além da parte em que eles tocaram na íntegra o álbum Moving Pictures. Para o meu gosto de Rush, queria ter ouvido mais coisa dos álbuns Counterparts e Roll the bones, a fase que mais gosto deles são os anos 90, mas sem reclamações. O sistema de iluminação e efeitos especiais de palco que o Rush usa é uma atração extra. Uma estrutura de luzes similar à uma aranha fica sobre os músicos e se articula, muda de cor, sobe de desce durante as músicas. Câmeras ficam na parte superior do palco para filmar de cima os músicos (principalmente o baterista).
Lição: nunca vá a um show com máquina fotográfica nova achando que as configurações são “intuitivas”.
No show do BJ fui e voltei de táxi dividido com gente que encontrei no caminho. Para o Rush fui caminhando por causa do engarrafamento e do preço abusivo que os taxistas cobram pelo horário e pela procura que um show de 50-60 mil pessoas causa na região do Morumbi (um trajeto de 20 reais pode custar até 100, dependendo do humor do taxista).
Dei uma checada no deus Google para fazer um caminho e ver a distância. Do hotel ao estádio eram 4,5km. A ida a pé foi tranquila (apesar de ter muita subida), mas na volta resolvi correr ao invés de caminhar porque andar 4,5km em SP depois da 1 da manhã não me pareceu ser muito legal. Resultado, devo ter corrido os meus 4,5km mais rápidos na modalidade "estou da calça jeans, tênis velho e em pé há mais de 5 horas".
No Brasil é assim, ás vezes ficamos meses, anos sem nenhum show internacional e agora entre festivais e shows individuais, em menos de um mês acumula um monte de coisa que eu gostaria de ver (Bon Jovi, Rush, Greenday, Festival SWU: Joss Stone, Kings of Leon, Dave Matthews Band, Linkin’ Park, e o festival da Natura com Jamiroquai e Snow Patrol). E perdi esperança de conseguir um ingresso para o tal do Paul McCartney aquele (ele tinha uma banda nos anos 50-60, parece que o nome era os The Beatles). Serão 2 shows no Brasil, mas o de Porto Alegre já esgotou em 2 horas e duvido que SP seja diferente. Mas tudo bem, o Paul está em início de carreira deve vir ao Brasil ainda várias vezes.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

5150 – leram meus pensamentos?

Desde os anos 80 que esse número (lê-se fifty one fifty) tem um significado musical pra mim, 5150 sempre esteve relacionado ao Van Halen (uma das minhas bandas favoritas) porque é o nome de uma música, de um disco e do estúdio da banda (na casa do guitarrista Eddie Van Halen), além de ser o apelido da guitarra Kramer que ele usava na década de 80 e o nome de uma linha de amplificadores que o Van Halen lançou junto com a marca Peavey. A banda escolheu esse número porque é o termo policial para “pessoa com distúrbios mentais”.

Por isso quando vi esse símbolo contendo os 4 números, me chamou muita atenção, o que será que esse 5150 queria dizer e que relação teria com triathlon? Será que a banda vai lançar uma prova de triathlon? Improvável.

Dentro do triathlon minha distância favorita sempre foi a Olímpica ou Internacional (1,5km de natação; 40km de ciclismo; 10km de corrida) porque é uma distância “confortável” e que mais favorece quem nada bem, proporcionalmente é a maior natação – são apenas 400m a menos que um 1/2 Ironman, mas menos da metade de ciclismo e corrida. Como das 3 disciplinas, a minha melhor é a água, é natural que me sinta melhor nessa prova. Além do que é uma prova menos neurótica do que a distância curta e não chega a cansar tanto quanto ½ Iron ou Full Ironman. Enfim, pra mim é a melhor distância e a que eu faço com maior prazer de competir. E justamente essa distância é a que menos existem competições.

No triathlon profissional essa é a distância padrão da ITU (International Triathlon Union) e o que se vê nas provas são excelente nadadores saindo juntos da água, formando um pelotão com vácuo na bike e todos iniciam a correr juntos, como se todos fossem iguais. A diferença entre os 10 primeiros colocados costuma ficar abaixo dos 2 minutos. Mas isso se deve ao vácuo que faz com que a prova se decida sempre na corrida e quem não nada no pelotão de frente não tem nenhuma chance de pódium.

Sempre que me perguntaram qual seria a minha prova perfeita, sempre pensei – distância olímpica, mas sem vácuo porque não gosto de provas com vácuo. Só que essa prova não existe, quer dizer, não existia.

No dia 5 de outubro de 2010 a WTC (World Triathlon Corporation) empresa responsável por mais de 120 provas no mundo todo e dona das marcas Ironman, Ironman 70.3, Ironkids e Iron Girl, anunciou a estreia de um novo e inédito circuito mundial de triathlon, sem vácuo, nas distâncias olímpicas. O circuito terá 16 provas espalhadas pelos USA e Europa.

Eu vou correr o circuito? Óbvio que não, mas como essas coisas se espalham e o Meio Ironman que até um tempo atrás não existia, virou moda após lançarem a série 70.3 mundo afora. A esperança é que em breve esse tipo de prova esteja ao alcance dos mortais amadores aqui no Brasil também.

No 70.3 o nome deriva das distâncias somadas em milhas (1,2 + 56 + 13,1) que são exatamente a metade de um Ironman. No 5150 vem da soma das 3 modalidades em km (1,5 + 40 + 10). E eu que adoro somar números jamais tinha me dado conta dessa coincidência.

Agora é esperar que a moda pegue e o formato de prova se espalhe assim como ocorreu com o 70.3.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A sinceridade dos anúncios

Dias atrás, chegando no Pilates, o pessoal estava comentando os anúncios da seção “Outros” do jornal.
Hoje em dia com tantos sites de relacionamentos, agências de encontros, etc., algumas pessoas se mantêm fieis ao jornal como forma de anunciar seus mais íntimos desejos. No jornal 3 anúncios me chamaram atenção e reproduzo-os abaixo:

Anúncio 1:
PROCURO MULHER Discreta com idade até 40 anos para encontros sigilosos, sou empresário maduro e carente de boa companhia. Interessadas escrever com todos os dados pessoais, foto e telefone para caixa postal XX, Correio Cassino, para Júnior. Responderei a todas.
O que será que ele quer, ter uma amante ou ser amante de alguma casada?
Quem é que declara querer encontros sigilosos?
Com certeza ele não quer uma relação normal, nem deseja se apaixonar porque quem se apaixona grita pra todo mundo ouvir.
Ele não quer uma namorada/esposa/companheira, quer alguém para “encontros sigilosos”, tipo uma mulher pantufa. Mesmo assim ele é um amante à moda antiga, pois usa caixa postal.

Anúncio 2:
PROCURO UM Namorado rico para me ajudar financeiramente com idade entre 45 e 60 anos.
Essa matou a pau, é sincera e vai direto ao assunto, é uma mulher decidida. Pra que mentir né, se o que ela quer realmente é o dinheiro do cara? Só faltou definir o que é rico pra ela. E percebe-se que ainda resta alguma dignidade, afinal ela estabeleceu um limite de 60 anos pra não dizerem depois que ela pegou um velho rico, só pra explorar.
A faixa etária não me enquadra, e nem sei o que ela quer dizer com rico, uns carnês eu até encaro, mas pra rico não sirvo.

Anúncio 3:
PROCURO NAMORADO acima dos 30, separado e divorciado para namoro sério.
Ok, acima dos 30 me serve, mas sou solteiro, e ela não quer ninguém solteiro, tem que ser alguém “separado e divorciado”, aí não dá pra mim.

Bom, como estou solteiro desde o início do ano, vou seguir lendo os anúncios até achar algum em que eu me encaixe.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Compras no exterior.
Não é segredo pra ninguém que eletrônicos e material esportivo são mais baratos no exterior do que no Brasil. Muitas vezes os preços lá fora ficam por volta de 50% do que pagamos aqui, e às vezes eu ouço gente reclamando que os comerciantes brasileiros estão metendo a mão e querendo ganhar mais do que devem. Eu acho que, apesar de ter distribuidor metendo a mão, a coisa não é bem assim.
Espero que os comerciantes mais próximos de mim (Lumbra e Lizandro) não se importem com o que vou escrever, até porque não considero que as compras no exterior representem uma concorrência pra eles.
Eu recentemente fiz 3 compras no exterior via internet e logo aprendi que a gente não pode se jogar de cabeça porque cada item tem que ser avaliado para ver se vale a pena. E uma desvantagem de comprar lá é que, se nos cobram imposto, o pagamento tem que ser à vista, já os lojistas locais nos facilitam o pagamento.
Se trazemos pessoalmente algo do exterior, a tarifa a pagar é de 50% sobre o que ultrapassar a cota, mas se compramos algo pela internet, o imposto cobrado pode ir de 0 a 100%, e infelizmente, apesar de existir lei para isso, sempre é uma incógnita. Vou ilustrar isso com algo que aconteceu comigo (ambos os sites do Reino Unido):

Pacote 1 (veio pela UPS) - 1 par de pneus Schwalbe Ultremo R1
Foi cobrado imposto de 100%

Pacote 2 (veio pelo Royal Mail International)
1 par de pneus Schwalbe Ultremo R1 - 1 par de luvas Giro - 1 alongador de válvula Topeak
Não cobraram nada de imposto

A impressão que se tem é que pacotes pequenos “podem” passar sem imposto, mas o comprador tem que sempre estar preparado para o pior (pagar no ato até 100% de tarifa alfandegária).

Mas quando vale a pena comprar no exterior?
Como eu disse, cada caso tem que ser avaliado sempre pensando assim: e se me cobrarem 100% de imposto, ainda assim vale a pena mandar vir de fora?
Quanto maior o pacote, maior a chance de ser tarifado. Uma bike, por exemplo, jamais vai entrar “despercebida” pela receita federal, um par de rodas, idem. Abaixo um exemplo de compra que vale muito a pena:

Roda Mavic Cosmic Carbone SL Premium (sem chance de entrar sem imposto)
Preço médio no Brasil - 6 mil reais
Preço lá fora (já com frete e impostos) = 3700 reais (mas considere que você precisará botar no cartão de crédito internacional em torno de 1800 reais e estar com bala na agulha pra pagar o restante no momento em que a mercadoria entrar no Brasil - tudo bem, esse restante também pode ser pago com cartão de crédito, mas tem que ser à vista).

Coisas menores que dependendo da sorte entram sem imposto, e mesmo que a diferença seja pequena, vale a pena arriscar:

Selim Fi’zi:k Arione CX Carbon
Preço no Brasil - 1200
Preço lá fora - 515 (sem imposto) OU até 990 reais (com imposto)

Clip para triathlon T2 + Cobra (Profile Design)
Preço no Brasil - 750
Preço lá fora - 340 reais (sem imposto) OU até 650 reais (com imposto)

Roupa de borracha Orca (com chance de entrar sem imposto, como vestuário)
Preço no Brasil - 2500 reais
Preço lá fora - 940 reais OU até 1800 com imposto

Uniforme de triathlon Orca (alta chance de entrar sem imposto, por ser pequeno e vestuário)
Preço no Brasil - 450
Preço lá fora - 190 OU até 360 com imposto

O tempo de entrega é de 10 dias em média, sendo que metade (ou mais) do tempo já é dentro do Brasil por causa do trâmite alfandegário.

Por uma questão de princípio, eu só compro de fora em 2 situações: quando o produto não existe no Brasil ou quando a diferença é muito grande, do contrário prefiro incentivar o comércio local/nacional. Mas em 90% dos produtos a gente chega à conclusão de que os lojistas brasileiros geralmente fazem o que podem, e o que realmente nos arrebenta (a nós e aos comerciantes) é o imposto absurdo.

O Brasil quer ser um país olímpico. Um excelente incentivo ao esporte seria deixar de tributar material esportivo. É um absurdo que viajantes possam trazer 12 litros de bebidas alcoólicas, 10 maços de cigarros, 25 unidades de charutos e 250 gramas de fumo sem pagar imposto, mas se eu for comprar uma bicicleta ou um par de rodas no exterior, serei tarifado em até 100%. Por que não tarifar bem alto a entrada de bebida alcoólica e fumo, que são geradores de prejuízo em todos os sentidos e não trazem nada de bom nem para o país ou para quem consome?
A desculpa é que existem similares nacionais no ramo esportivo e que a entrada desses produtos no país ameaça a indústria nacional (sem comentários, como se o Brasil não fabricasse bebida alcoólica).

O governo considera que é “melhor” para o país que entre cachaça e cigarro do que material esportivo. E é assim que se quer fazer uma nação olímpica?

sábado, 28 de agosto de 2010

La Vuelta 2010

Hoje teve início a última grande volta ciclística do ano, a Vuelta a España 2010 - http://www.lavuelta.com

A volta encerra a tríplice coroa do ciclismo de estrada (Giro d'Italia em maio, Tour de France em julho e La Vuelta em Setembro).

As principais equipes estão competindo, como Astana, Caisse D'Epargne, Cervelo Test Team, Euskaltel - Euskadi, Liquigas-Doimo, Rabobank, Htc - Columbia e Saxo Bank. Mas isso não quer dizer que os times estejam com força total e alguns nem levaram os seus “chefes”, como é o caso da Astana que está sem Alberto Contador.

A Vuelta é considerada uma das grandes voltas, mas das 3 grandes é a de menor importância e serve para muitas equipes testarem atletas menos experientes, iniciar um novo período de treino e a prova também é uma porta de entrada para equipes novas ingressantes no Pro Tour a convite da organização, como é o caso da equipe local Andalucia Cajasur.

Esse ano a etapa de abertura foi um prólogo na cidade de Sevilha, mas de maneira bem diferente, uma prova contra-relógio por equipes noturna. A prova recém se encerrou e teve como vencedor o time HTC Columbia liderado por Mark Cavendish, o melhor sprinter da atualidade no ciclismo de estrada. O time vencedor demorou 14’ e 6 segundos para percorrer os 13 km pelas ruas da cidade, numa média de 55,3 km/h. A equipe Saxo Bank, que é uma das favoritas em qualquer etapa, teve uma chegada no mínimo estranha, com o melhor ciclista de contra-relógio do mundo (Fabian Cancellara) demonstrando grande cansaço na linha de chegada e não cruzando-a em primeiro na equipe, como era de se esperar.

Normalmente essa prova era transmitida pelo canal TVE da Net (um canal espanhol), mas este ano a Net passou a transmitir o canal Galicia, que não transmite La Vuelta. A ESPN Brasil e a ESPN internacional transmitirão a prova, quase sempre no final da manhã ou “melhores momentos” em outros horários. Pela internet, a melhor transmissão creio que seja a do canal EuroSport Live - http://streamz.yolasite.com/ch-18.php Existem várias, mas minha preferência por essa foi por ser em inglês, já que o EuroSport tem muitos canais em línguas menos amistosas como o holandês, alemão e russo.

Amanhã de manhã devo participar de um contra-relógio individual, com percurso de 20 km. Enquanto lá na Espanha o pessoal faz médias acima de 50km/h, aqui nós reles mortais de Rio Grande e Pelotas devemos ficar muito contentes com médias perto de 40km/h.

Essa é a “pequena” diferença entre humanos normais e as “máquinas de pedalar” que vemos pela TV.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Bingo!!!

Quando eu comecei a usar a internet (1996) existia uma busca chamada Altavista (na verdade ao digitar esse texto descobri que o site ainda existe). Era comum digitarmos algo e aparecer “zero resultados”, ou 2 páginas. Algo inimaginável para quem começou a usar a internet depois de 2000.

Era uma época em que se não soubéssemos o endereço de um site, não tinha como achar a informação. Era uma época também em que existiam sites agrupados em servidores, como o Geocities, mas que mesmo assim, se errássemos um número ou uma letra no endereço, não íamos a lugar algum. Eu me lembro de ter uma agenda em que anotava os endereços "mais legais" como o site de alguma banda (das raras que tinham) ou de coisas como a Coca-Cola ou a NASA. Pra que serviria exatamente ir ao site da NASA eu até hoje não descobri, mas entendam que era uma época em que se a gente não fosse nesses lugares, não tinha aonde ir. Nem vou falar que todos os sites eram com fundo branco, texto preto e links em azul (e demoravam minutos para carregar com uma conexão discada de 14400 kbps). Quando criei o meu primeiro site (e tinha que saber linguagem HTML) estávamos na época dos fundos coloridos para os sites. Tudo baseado no Netscape Navigator, o único navegador da época.

Aí entre 95 e 99 surgiram no Brasil o Cadê, o Aonde e os mecanismos de buscas mais avançados como o Yahoo. Mas quem realmente mudou a maneira de se usar a internet foi sem dúvida o Google. Eu me lembro de ler no caderno ZH Digital (Zero Hora) lá por 1998 ou 99 que estavam lançando uma nova busca que surgiu como um trabalho de dois universitários e prometia ser inteligente porque levava em conta a relevância do site, bem como a frequência com que ele era acessado. No mesmo dia fui experimentar e logo vi que ele dava resultados bem diferentes das outras buscas mesmo. Em seguida mandei um e-mail para alguns amigos falando sobre essa "minha descoberta".

Hoje o Google dispensa apresentações e virou até verbo em inglês (I googled you = eu botei teu nome no Google pra ver o que aparecia), e quem aqui né amigo, nunca botou seu nome no Google pra ver o que aparece.

A Microsoft que sempre tem que tentar competir em tudo, demorou para entrar na internet. Eles não viam muita utilidade nisso, achavam que ela se concentraria apenas para uso militar e acadêmico e com isso o navegador do Windows (Internet Explorer) passou muito tempo despercebido, até todo aquele escândalo da instalação obrigatória junto do Windows 95.

Mas depois de entrar na internet e assumir o posto de navegador mais usado, a Microsoft ainda tinha (tem) outra liderança a tentar conquistar, a de mecanismos de busca. Para isso lançou o Bing, que tem uma fatia de mercado insignificante comparada ao Google, mas em breve deve ser o segundo mecanismo de busca mais utilizado (atualmente o Yahoo é o segundo).

Pra que toda essa introdução?

Agora lançaram um site que reúne na mesma página a busca do Google e do Bing, e é curioso ver como aparecem coisas distintas, mas às vezes pode ser útil fazer esse tipo de busca, principalmente quando buscamos imagens.

O site em questão é o Bingle (http://www.bingle.nu), que é uma palavrinha inventada misturando Bing + Google, mas não pertence a nenhuma das duas empresas. Ao digitar no campo de busca os termos, ele divide a tela em 2 e mostra do lado esquerdo os resultados do Bing e no lado direito, os do Google. Ainda por cima, a pronúncia é “bingo”, que em várias línguas indica a exclamação para quando achamos ou conseguimos resolver algo.

Essa é somente para os homens.

Experimentem em qualquer um dos sites fazer uma busca por imagens usando bingle como palavra-chave.

domingo, 1 de agosto de 2010

Estudar pra quê?
Pela primeira vez coloco aqui um texto que não é meu, mas ao ler percebi que partilho do mesmo ponto de vista em relação aos alunos que passam pelos bancos das universidades. Minha vida acadêmica de professor iniciou em 2003, mas já foi tempo suficiente para conseguir enxergar essa mesma "classificação" dos alunos que o autor explica abaixo. E possivelmente a dedicação para tudo na vida resulte em finais semelhantes à vida acadêmica, em que podemos ser desde excelentes até medíocres, dependendo principalmente do nosso empenho e força de vontade. Só discordo do autor porque acho que existem exceções para ambos os lados, tanto alguns muito bons que acabam tomando outro rumo na vida (quase sempre por opção), bem como aqueles que se dão bem sem merecer (quase sempre por sorte). Mas vamos ao texto.

Se é importante fazer faculdade, por Eduardo Jablonski
Hoje, pouco antes de começar minha aula, ouvi uma aluna defendendo a seguinte opinião: “Para que fazer faculdade? Depois ficaremos obrigatoriamente desempregados. Todos os meus conhecidos que se formaram não trabalham na área.” Aristóteles que me perdoe, mas ela tem e ao mesmo tempo não tem razão. Pela minha experiência, acompanhando a carreira de centenas e até milhares de pessoas nos últimos 20 anos, concluo que as pessoas graduadas com nível superior se dividem em três grupos.
O primeiro abriga os relapsos, os que não gostam de estudar, os que faltam muitas aulas, os que copiam trabalhos de colegas ou da internet, os que não prestam atenção na fala do professor, os que não leem a bibliografia solicitada, os que não pesquisam, os que não procuram livros sobre a matéria, para tentar se aperfeiçoar, os que faltam às aulas quando há palestras. Esses caras jamais conseguirão trabalhar na área na qual se formaram. Se arranjarem vaga, será com certeza por tempo reduzido. A incompetência os demitirá. Sei de jornalista de meio impresso que acha que repórter não precisa dominar a gramática da Língua Portuguesa. É por pensar assim que ele, em 15 anos de profissão, tendo se formado em uma grande universidade, nunca obteve espaço em grandes jornais.
O segundo grupo engloba pessoas que fazem tudo pela metade. Estudam um pouco, leem alguma coisa, prestam atenção no professor, têm alguma assiduidade. Mas não são dedicados, não se esforçam tanto quanto seria necessário, não suam sangue para obter promoções ou empregos importantes. Esses indivíduos vão trabalhar na área, sim, mas não atingirão os melhores postos, a não ser por milagre ou por amizade.
O terceiro grupo envolve os estudiosos, os que leem a respeito do campo que escolheram o tempo todo, os que passam a madrugada sobre os livros, os que estudam regularmente e, quando necessário, param tudo para estudar ainda mais. Esses homens e mulheres serão os vencedores de amanhã. Talvez nunca fiquem desempregados.
Conheço dezenas e até centenas de casos em cada um desses grupos e nunca vi exceção. Abri essa alternativa, porque não sou o dono da verdade. Posso estar equivocado. Mas, concluindo, não é verdade que não adianta estudar, que é perda de tempo. Quem se dedica se dá bem, e quem não se dedica se dá mal. É simples assim. A verdade em geral é simples.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Uma questão de prioridade.
A Copa do Mundo de futebol acabou, e o Brasil não ganhou. Agora as discussões voltam a ser o Brasileirão, o Gauchão, a segunda divisão, a Libertadores e sei lá mais o que. Quem me conhece sabe que entendo tanto de futebol quanto falo sueco, nada contra o esporte, só não sou fanático, pra mim é "apenas mais um esporte". E sinceramente não entendo o fanatismo que vejo diariamente nem as discussões que não vão a lugar algum. O pessoal fala na primeira pessoa - "jogamos mal, mas vocês também não ganharam, agora nós vamos contratar..." como se eles tivessem feito algo além de ficar em casa vendo pela TV. E torcer fanaticamente por uma “entidade” que muda diariamente eu não compreendo muito. Se alguém me disser que torce pelo tenista Rafael Nadal eu entendo, mas como torcer por um grupo que muda continuamente e o cara que jogava no time inimigo ontem agora joga pelo “meu” time? Da mesma forma não entendo as estatísticas do futebol - se um time ganhou ou perdeu na década de 70 para o outro time, que influência tem isso sobre o jogo que será disputado amanhã de noite?
Mas tudo bem, como disse antes, nada contra o esporte e muito menos contra os torcedores, só não entendo. A torcida na copa do mundo ainda tem um lado de patriotismo, que é bem compreensível, mas sempre o fanatismo pelos clubes é maior (pelo menos no Brasil). Com tudo isso, não me surpreendi quando li essa manchete que reproduzo (um trecho) abaixo:
"Pesquisa comprova a necessidade que o brasileiro tem de assistir futebol".
Dedicação semanal ao esporte ocupa mais de 5 horas na agenda masculina
Mais uma vez, quando o assunto é futebol, tem brasileiro no meio. A Heineken acabou de divulgar o resultado da pesquisa realizada com 5,3 mil homens de 15 países sobre a importância do futebol na vida dos homens, e o Brasil está em segundo lugar, perdendo apenas para os ingleses.
Os ingleses aparecem como os mais fanáticos quando o assunto é bola na rede ao assistir semanalmente cerca de 2 horas e 22 minutos de partidas e ao passar 3 horas e 21 minutos falando sobre futebol. Os brasileiros vêm em logo seguida ao conversar sobre os últimos resultados, faltas, gols ou rumores de transferência com seus amigos, por aproximadamente 3 horas e 20 minutos e ao assistir um total de 2 horas e 10 minutos de partidas a cada semana.

Tudo bem, não sei se a pesquisa pode ser confiável ou não, nem se isso representa a realidade do país, mas vamos considerar que sim, que esse dado é real, pelo menos eu presencio diversas discussões do tipo. Ou seja, o homem brasileiro (nessa pesquisa) somando assistir e discutir futebol, dedica em média 5h 30 minutos por semana à essa atividade. Haja tempo.
Logo após o jogo Brasil x Holanda o Twitter saiu do ar - "Twitter is over capacity." Sinal da necessidade das pessoas em expressar sua opinião e cada um dar a sua explicação do que havia acontecido, algo comparável ao juízo final.

Vamos pensar agora.
Atualmente os órgãos de saúde mundiais pregam que um adulto deva acumular pelo menos 2h e meia de atividades físicas por semana. A população é sedentária, digamos que por baixo metade da população não faz nem o mínimo que deveria (sendo bondoso nessa estimativa).
Vejamos, uma pesquisa do meu amigo Felipe Fossati (da qual participei) mostrou que uma das principais barreiras relatadas na população para não fazer atividade física é justamente a "falta de tempo". Ou seja, o pessoal assume que seria legal fazer algum exercício, mas o cotidiano não permite pela falta de tempo.
Quem sabe se a gente pegasse metade apenas do tempo dedicado às discussões futebolísticas (que não levam a nada) e fizesse com que os homens transformassem isso em exercício? Vejam bem, menos da metade do tempo já seria suficiente para transformar um sedentário num ativo. Tudo bem, eles poderiam discutir futebol em cima de uma ergométrica, ou em esteiras, não precisava parar de discutir (já que é um vício), mas que pelo menos a discussão não fosse feita de maneira sedentária (ou acompanhada de álcool e petiscos num balcão de bar). E depois as mulheres que têm fama de tagarela.

sábado, 26 de junho de 2010

Pais & Filhos

Quando se faz pesquisas envolvendo a população, uma das coisas que seguidamente ouvimos é: o que o povo receberá em troca? Realmente, em muitas vezes os pesquisadores “usam” a população sem dar nada em troca e na maioria das vezes o que se recebe é de forma indireta - o conhecimento científico aumentado pode resultar em melhores cuidados em saúde. Mas isso é meio difícil de ser entendido.
Outra forma de dar algo em troca é quando os resultados de uma pesquisa são divulgados de forma ampla com a intenção de mudar a vida das pessoas, ou pelo menos para fazer com que os envolvidos pensem no assunto. Eu tive a felicidade de ter meu trabalho de doutorado (sobre exercício físico na gestação) muito divulgado no país: Revista Saúde É Vital (Editora Abril), Folha de São Paulo, Zero Hora, Jornal Agora (de Rio Grande), Revista SuperAção (especializada em corrida), Rádio Manchete, e mais uma série de reportagens em sites que copiaram as matérias de outras fontes. De vez em quando “I Google myself” e vejo que até hoje seguem publicando coisas por aí com o meu nome, às vezes me impressiono com as palavras que atribuem a mim. Para essa pesquisa eu contei com a colaboração de quase 5 mil mulheres e com certeza um número muito maior de grávidas teve acesso às matérias e de alguma maneira usaram essa informação. Tarefa cumprida.
Agora mais uma vez tenho a sorte de participar de uma pesquisa com ampla divulgação. Não como primeiro autor, mas fui co-orientador de doutorado do Samuel Dumith que estudou atividade física dos adolescentes nascidos em 1993 na cidade de Pelotas. O estudo com mais de 4 mil jovens foi noticiado na Folha de São Paulo, Zero Hora, Rádio Jovem Pan, diversos sites e hoje novamente na Zero Hora, dessa vez na coluna do Moacyr Scliar.
Entre os resultados estão constatações que todos percebem ao analisar o comportamento dos adolescentes de hoje: eles estão fazendo muito mais atividades sedentárias do que antigamente. Menos da metade dos jovens faz o que deveria fazer em termos de exercício. Os prejuízos visíveis agora são mínimos e normalmente não passam do jovem “gordinho”, mas o que será dessa geração dentro de 40-50 anos ninguém sabe, já que nunca se viu alguns problemas como diabetes tipo 2 em crianças, mas agora isso é uma realidade.
Os meninos são mais ativos do que as meninas e pra isso não precisamos de pesquisa, basta perguntar para qualquer professor de educação física escolar sobre o comportamento dos jovens durante uma aula - as meninas inventam todas as desculpas possíveis e impossíveis para não se mexer, fazem questão de trajar roupas impróprias à atividade, usam a menstruação como impedimento, têm “pavor” de suar, entre outras. A observação de competições esportivas denota a mesma diferença - em qualquer corrida de rua, por exemplo, a quantidade de mulheres na linha de largada costuma ser 10 vezes menor que a de homens. E isso se reproduz em diversos esportes. Por outro lado, o esporte profissional nunca envolveu tanto dinheiro nem foi tão divulgado quanto hoje em dia. Uma geração de fãs e adoradores que nada mais faz além de observar (normalmente comendo porcarias ao mesmo tempo).
E as gerações anteriores já nos mostraram que, se um jovem é ativo, a chance dele ser um adulto ativo é muito maior do que se ele for sedentário na juventude: jovens sedentários tornam-se adultos sedentários.
O exemplo para atividade física deve partir de casa, desde cedo. Pais sedentários criam filhos sedentários, que se tornarão adultos doentes. O pai que tem como conceito de esporte assistir fórmula 1 e futebol pela TV cria filhos que o usam como exemplo, atletas do controle remoto.
A mensagem principal da pesquisa é para os pais: mexam-se e sejam exemplos para seus filhos, ambos ganharão com isso.

sábado, 5 de junho de 2010

Clínica de natação
Participei no último fim de semana de uma clínica teórico/prática de natação com o técnico Cezar Augusto Bolzan. Não entrei na água, fui apenas como professor/ouvinte. O professor Cezar é gaúcho de Santa Maria, formado na UFSM e com cursos posteriores na UFRGS e outras. Foi nadador na década de 70 e desde os anos 80 trabalha na preparação de nadadores do Brasil e de outros países. É membro de associações como a American Swimming Coaches Association (ASCA - USA) e da National Coaching and Certification Programs (NCCP - Canada) tendo realizado estágios em diversos centros de treinamento mundo afora, inclusive no Colorado Springs Olympic Training, onde a maioria dos atletas olímpicos norte-americanos treina e possivelmente o centro de treinamento mais avançado do mundo.
A minha intenção no curso era ouvir algo novo na área de treinamento, mas pelo tempo curto (6 turnos de curso) só foi possível a abordagem das técnicas dos 4 nados, com pouquíssimas palavras sobre treinamento. O público ouvinte era de aproximadamente 70 pessoas, metade atletas e metade professores/estudantes. Gente de Pelotas, Porto Alegre e Rio Grande. Técnicos de equipe competitiva só vi 3 (que eu saiba); a Marlise Geri (Energia, Rio Grande), Mario Leite (Caixeiros Viajantes, Porto Alegre) e o próprio Nico (Brilhante, Pelotas). Surpreendeu-me a baixa procura pelo curso dos alunos da UFPEL (universidade onde sou professor e que era uma das entidades promotoras do curso). Essa baixa procura (creio que 4 alunos apenas) demonstra claramente o baixo interesse por esse esporte na nossa região (sul do Rio Grande do Sul). E isso se reflete diretamente no nível dos atletas da região, é um ciclo vicioso - pouca gente treina, poucos professores se especializam na área, os resultados não aparecem, o interesse cai mais ainda...
Ao ver os praticantes que caíram na água percebe-se que a realidade continua sendo: 3-4 adolescentes na casa dos 20 anos nadando bem e treinando sério, meia dúzia de masters (pessoal que treina e compete por prazer e que não tem tempo pra treinar pesado) e uma gurizada entre 12-15 anos, aquela geração que “promete” e que em 99% dos casos abandona o esporte antes dos 18 anos.
Uma coisa que gostei no discurso do Cezar foi justamente essa realidade que ele fez questão de demonstrar. Diferente de outros palestrantes na área que gostam de mostrar o sucesso das nossas exceções e apontar o plano para o sucesso de gente como Xuxa, Gustavo Borges, Thiago Pereira, Cielo’s e CiA. ele aponta uma série de razões para que a natação brasileira seja tão ruim quanto é. Nunca vi essa estatística, mas tenho a impressão que a natação brasileira consegue produzir em média um bom atleta olímpico a cada 10 anos. E mesmo assim, a maioria só se destaca depois de sair do país.
Como professor e nadador/triatleta não vi nenhuma grande novidade ou descoberta, mas alguns pontos destacados por ele em relação à natação brasileira e que valem para a maioria dos esportes em nosso país:
- inexistência de programas de detecção de talentos;
- queima do atleta no início da carreira, levando ao esgotamento principalmente psicológico;
- direcionamento de provas equivocadas para as faixas etárias (provas curtas para crianças - que fisiologicamente têm uma capacidade anaeróbica muito baixa);
- falta de interesse da mulher brasileira pelo esporte, e mesmo as que procuram o esporte não costumam encarar da mesma forma que as estrangeiras;
- falta de conhecimento e de atualização dos treinadores nas áreas de fisiologia do exercício e treinamento desportivo;
- excesso de treinamentos com baixa especificidade;
- a realidade da maioria dos clubes e escolinhas de 1 treinador para 20-30 atletas não permite um desenvolvimento atlético satisfatório;
- falta de uma visão da saúde global do atleta e não apenas profilaxia de lesões esportivas;
- desleixo de muitos treinadores nos detalhes que podem ser melhorados com ajuda de recursos simples como fotos e filmagens;
- erros gritantes nas dietas dos atletas;
- falta de estrutura para treinar fora dos grandes centros, o que obriga muitos atletas a se deslocarem para longe do núcleo familiar e muitas vezes isso gera desequilíbrios;
- preocupação excessiva com os tempos e com o treinamento físico quando detalhes técnicos impedem o resultado excelente, muitas vezes gerando lesões, etc.

Na parte mais técnica, algumas coisas interessantes que estão mudando com a natação mundial, como a importância que assumiu hoje em dia o nado submerso, que em algumas provas (de piscina) pode representar metade da distância nadada na prova. Esse é o tipo de “estalo” que às vezes falta e que diferencia um bom nadador de um vencedor. Ele também mostrou conceitos de biomecânica e hidrodinâmica, que avançaram muito com os maiôs high tech. Ele próprio um ferrenho defensor dos maiôs, mas mesmo que eles não sejam mais usados, toda a pesquisa feita para desenvolvimento dos tecidos e os desenhos das roupas colaboraram em muito para a compreensão do que deve ser feito em termos de posicionamento do nadador para atingir maiores velocidades, principalmente na fase submersa do nado.
Senti falta no curso dos assuntos que estavam em destaque no cartaz de divulgação, como: “prescrição de treinamento” e “avaliação e performance”. Claro que, de tudo que ouvi não concordo com 100% do que foi dito, mas ele me pareceu um ótimo profissional. Digamos que um excelente professor de beira de piscina, com muita experiência e com “bom olho”, que está se aventurando também na área acadêmica e de gestão-marketing.
A clínica teve apoio do Clube Brilhante (Nico) e da UFPel (Francisco Tavares, o Chico).
Cezar Bolzan no Twitter - http://twitter.com/@cezarbolzan
Blog - http://swimcamp2010.blogspot.com/

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Good old Aerosmith
Show da "Cocked, Locked, Ready to Rock Tour”, no Palestra Itália (estádio do Palmeiras em São Paulo), 29/05/2010, 2 dias após o show em Porto Alegre. Por que não fui ao show em POA? Porque quando o show foi anunciado seria apresentação única no Brasil. Como eu queria ver um show deles desde 1990, comprei logo o ingresso. Um tempo depois o show de Buenos Aires foi cancelado e agendaram um show para PoA. Não dava pra trocar ingressos porque era de uma empresa diferente. Mas até fiquei contente que teve o show no RS, sinal que estamos aos poucos acabando com o monopólio do eixo RJ-SP para shows internacionais (só esse ano já foram a PoA: Metalica, Guns, Megadeth, Cranberries, Aerosmith, Dream Theater, SPy Vs. Spy, ZZ Top, etc.).
O show de abertura começou 5 minutos adiantado, os gaúchos da Cachorro Grande tocaram 50 minutos, mas não vi o show todo, só saí do hotel quando vi que eles já estavam no palco. Ficando num hotel próximo ao estádio dá prá fazer essas, esperar a Cachorro Grande subir ao palco pra sair do hotel, e indo na área VIP, dá pra entrar 10 minutos antes do show que já se entra colado no palco mesmo. O show deles não incomodou ninguém, um rock simples, músicas de 3 acordes, refrão, solo, nada de novo, e o guitarrista deles até me surpreendeu (só um pouco). E como disse o vocalista: “obrigado por nos aturarem, pelo menos eu vou poder dizer pros meus netos que toquei no palco do Aerosmith”.
A troca de palco foi feita em menos de 40 minutos e aí começa o suspense. A primeira reação do povo foi quando destaparam a bateria e apareceu aquela pele do bumbo com o logo das asas. O Aerosmith subiu ao palco menos de 10 minutos após o horário (21:30). As luzes do palco se apagam e desce uma bandeira gigante com o símbolo do Aerosmith cobrindo todo o palco. Eles assumem suas posições, começam a fazer barulho e a falar com o publico até começar a "Eat the Rich" (que não estava no show de PoA), seguida por "Love in an Elevator". O repertório teve a maioria das que fizeram sucesso no Brasil nos últimos 20 anos: Crazy, Falling in Love (it’s hard on the knees), Crying, Jaded e Pink, que pra mim são “novas” (anos 90 e início dos anos 2000), além das um pouco mais antigas como What it takes que começou a capela e eu achei que ele não fosse continuar com a banda (essa foi uma das que eu filmei), Sweet Emotion, Dream On, Draw the line, Kings and Queens. Se eu pudesse incluir no repertório: Full Circle, Angel, Janie's Got a Gun. Muitos esperavam I don´t want to miss a thing que não veio, em compensação algumas trocas no repertório ficaram melhores (pra mim), como a troca de Mama Kim por Eat the Rich. Solo de bateria de Mr. Joe Kramer e solo de Joe Perry (um dos maiores criadores de riffs do rock). O solo do JP foi um tanto diferente, ele fez um duelo com ele mesmo no Guitar Hero. Antes do solo ele explicou: em todo lugar que vou alguém vem me dizer que ganhou de mim no Guitar Hero, e hoje vou mostrar pra vocês que eu sou bem melhor que o personagem, por isso que me ganham no jogo. (um sujeito atrás de mim berrava a toda hora: "dá-lhe Zé Bonitinho" pro guitarrista Joe Perry, que realmente lembrava muito o personagem por causa do topete/barba em conjunto com o narigão)
Mr. Steven Tyler aos 62 anos faz tudo que um frontman tem que fazer, além de premiar a plateia com presentes como óculos escuros e 3 gaitas de boca (ao final dos solos ele atirava-as ao público). Mas o mais legal (para o dono da máquina) foi quando ele pediu que um espectador atirasse a filmadora pra ele, o cara atirou e Tyler filmou a si mesmo cantando e um pouco da platéia, em seguida devolveu a câmera ao dono. Essa filmagem agora deve rodar o mundo via UTube.
A banda segue perfeita ao vivo mesmo com o peso da idade, as desavenças recentes e o fato de estarem iniciando uma nova turnê, que às vezes demora um pouco para se ajustar, o que não deve ser o caso pra alguém que está na estrada há mais de 30 anos. A banda ficou afastada de tudo e quase acabou por causa de um tombo do vocalista durante um show. Após o acidente, ele, como toda celebridade que se preze, ficou viciado em analgésicos e se afastou da banda que chegou a abrir vaga para outro. Com isso, agora o cuidado com o palco beira a neurose, todos os cantos são checados e inúmeras vezes, inclusive com pulos pra ver se está firme e qualquer coisa que atirem ao palco demora 4-6 segundos para que um roadie faça desaparecer, tudo para evitar possíveis tombos, tropeços, etc. (by the way, claro que atiraram uma calcinha vermelha para o vocalista).
Na parada programada para o bis, o telão mostrava uma mescla de bandeira do Brasil com logotipo da banda.
Acho que foi meu primeiro e último show do Aerosmith porque se um dia eles voltarem ao Brasil talvez não tenham mais gás para aguentar uma apresentação como a de ontem que em termos de presença de palco não deixou nada a desejar. Mas tudo bem, outros virão, só é triste pensar que tem gente que nunca veremos ou não veremos mais, Mr. Eric Clapton é um exemplo. Em Londres perdi uma temporada dele no Royal Albert Hall por poucos dias, não fui vê-lo na sua última vez no Brasil e agora acho difícil ele voltar porque não deve mais estar encarando longas turnês transcontinentais. Como ele mesmo disse recentemente: “estou ficando velho, eu me vejo nos shows de 15-20 anos atrás e percebo que já não consigo mais tocar daquele jeito”.
Todos envelhecem, mas alguns, apesar do excesso de drogas e álcool (ou quem sabe por causa disso) conseguem prolongar a juventude no palco. Steven Tyler é um exemplo disso. Tudo bem que os saltos e espacatos ficaram perdidos em algum lugar entre os anos 80 e 90, mas rebolar como o Ney Matogrosso, correr e cantar por 2 horas daquele jeito, depois dos 60, é pra poucos. Isso pra não falar naquela voz inconfundível que não é nada bonita, mas se encaixa perfeitamente em tudo que eles fazem e jamais poderiam colocar outro no lugar dele como foi cogitado tempos atrás. Seria melhor fechar a banda, até porque todos ali já têm tempo de contribuição pra se aposentar, mas tomara que ainda sigam fazendo boa música por mais um tempo. Por falar nisso, estão devendo um disco bom para os fãs desde Nine Lives, já que o último de estúdio (Just push play) ficou muito a desejar.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Pilates: uma briga ou mais uma lei esquecida?

Lei publicada no Diário Oficial da última sexta-feira (21/05/2010): de hoje em diante o método de ginástica conhecido como Pilates só pode ser ministrado por professores de educação física. Briga direta com os fisioterapeutas, que creio hoje são a maior força de trabalho nessa área e dominam também como formadores de novos profissionais, ministrando cursos Brasil afora.
Pra quem quiser ler a resolução na íntegra, esse é o link . Mas coloco aqui os trechos mais relevantes da lei: "...o Pilates é uma modalidade/método de ginástica que, como tal, deverá ser orientado por Profissionais de Educação Física." "...A prática do Pilates busca o aperfeiçoamento do condicionamento físico geral, a estabilização postural e a melhoria do desempenho nas atividades físico-desportivas e nas atividades típicas da vida diária, expressas pelo aprimoramento da força muscular, da mobilidade articular, do equilíbrio e harmonia de forças das cadeias musculares do aparelho locomotor, da coordenação motora e do equilíbrio e postura corporal." "... cabe aos Profissionais de Educação Física, avaliar, planejar, prescrever, ensinar, aplicar, orientar, controlar, supervisionar, coordenar e dirigir atividades individuais ou coletivas de Pilates, em sua forma original ou em qualquer outra forma derivada..." "...a pessoa jurídica prestadora de serviços na área de atividades físicas, desporto e similares que oferecer o Pilates deve garantir que sua prática seja orientada e dinamizada por Profissionais de Educação Física."
Vejam agora o que diz em outra lei sobre o papel dos fisioterapeutas: “cabe ao fisioterapeuta o diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcionais, prescrição e aplicação de condutas fisioterápicas e acompanhamento do quadro clínico funcional e as condições para alta do serviço.”
É uma zona bem propícia a duplas interpretações, bem como o uso de exercícios com pesos na recuperação de lesões, muitas vezes é difícil estabelecer onde encerra a função do fisioterapeuta e onde inicia a do Educador Físico - exatamente o que é uma conduta fisioterápica? O Pilates é buscado por muitos como uma forma de exercício físico, como condicionamento geral (papel do educador físico), mas também é feito por pessoas que procuram uma reabilitação ou que têm um problema específico que requer um tratamento fisioterápico (papel do fisioterapeuta). Eu mesmo sou professor de educação física e pratico Pilates, instruído por duas fisioterapeutas (caros colegas, não me crucifixem).
Eu procurei a atividade por causa de um problema de coluna e busquei profissionais com mais experiência na área de fisioterapia porque sei que a formação do profissional de educação física nesta área não é tão boa quanto à dos fisioterapeutas. Busquei profissionais que poderiam compreender clinicamente o meu problema e soubessem como prescrever quase que um “tratamento” através do exercício físico dentro do método Pilates. Com o meu problema não tem cura, o tratamento não tem fim, portanto eu não terei “alta”.
Briga semelhante ocorre (apesar da lei ser tão clara quando à do Pilates) na área da ginástica laboral, que é uma atividade claramente do educador físico, mas que em vários locais é ministrada (equivocadamente) por fisioterapeutas. A divisão que eu faço em relação à fisioterapeutas e educadores físicos é mais ou menos a seguinte: em pessoas saudáveis, ou que buscam o exercício para desempenho esportivo, finalidades estéticas, para desestressar, prevenir lesões, nesses casos é muito claro que são funções do educador físico. Já durante o tratamento de lesões e de pessoas com algum problema de saúde, existe uma “sombra”, uma área obscura que dependendo do ponto de vista pende para o fisioterapeuta ou para o educador físico. Eu mesmo ao longo dos meus 10 anos de professor em academia fiz muitas vezes o papel de fisioterapeuta.
Como atualmente deixei de atuar na área (serviços autônomos e academias), hoje minha preocupação como cliente e consumidor é outra que vai além do diploma do profissional - a formação específica na modalidade Pilates. Antigamente (há menos de 10 anos) o profissional deveria buscar essa formação no exterior, era um curso caríssimo e durava meses. Hoje em dia é possível tornar-se um instrutor de Pilates em cursos que duram (pasmem) 6 dias. Eu como cliente procuro um profissional que tenha bons conhecimentos de anatomia, cinesiologia/biomecânica, enfim formação comum aos dois cursos, mas me preocupo também com o conhecimento na área específica, já que é um método que, se mal conduzido, pode agravar um quadro como o que eu tenho (degeneração de disco intervertebral).
Mas por bem ou por mal, essa com certeza será mais uma daquelas leis do Brasil que alguns sabem que existe, mas não altera em nada o nosso cotidiano. Duvido que o Conselho de Educação Física faça uma fiscalização ofensiva, e, se fizer, provavelmente o Conselho da Fisioterapia vai se defender. Reflexo disso? Pode ser que num futuro distante, para frequentar um curso de Pilates seja exigido ser formado em Educação Física, e assim, no longo prazo, a profissão seria dominada por educadores físicos. Mas tirar do campo de trabalho quem já está estabelecido é algo irreal. E também, se é pro pessoal seguir fazendo cursos de 6 dias... faz alguma diferença?

domingo, 2 de maio de 2010

Giro D’Italia

No próximo sábado (8/5) inicia a temporada das voltas ciclísticas mais importantes da Europa (e do mundo), as chamadas Grand Tours - Il Giro d'Italia, Le Tour de France e La Vuelta a España.
A mais importante competição desse tipo é o Tour de France, que ocorre desde 1903 e é o terceiro evento esportivo mais assistido em todo mundo, perdendo apenas para Olimpíada e para a Copa do Mundo de futebol.
A segunda prova mais importante do ciclismo mundial começou em 1909 e é a que dá início a temporada - Il Giro d'Italia.

A competição acontecerá toda no mês de maio (entre os dias 8 e 30), com largada em Amsterdã (Holanda). Depois do prólogo, mais duas etapas serão corridas em solo holandês. No quarto dia de competição eles terão o primeiro dia de descanso quando toda trupe viaja para Itália e iniciam a volta no país pela cidade de Savigliano, com chegada em Verona no dia 30/05.

Ao todo, 22 equipes disputam a 93ª edição desta prova com times de 9 atletas cada uma. As principais equipes estarão lá como sempre: Ag2r-La Mondiale, Astana, Caisse d'Epargne, Cervelo, Garmin-Transitions, Lampre Farnese, Liquigas-Doimo, Bmc Racing, Quick Step, Rabobank, HTC-Columbia, Milram, e Saxo, para destacar algumas. Mr. Lance Armstrong e os Radioshack boys só aparecerão no Tour, como de costume. E o site oficial do Giro brinca bastante com o fato de Lance Armstrong não estar presente na prova.

Serão 21 etapas e apenas 2 dias de repouso (11 - 24), percorrendo 3418 km. Em média 163 km são percorridos a cada etapa, mas várias ultrapassam os 200 km.
Serão 3 etapas de contra-relógio (dias 8 - 12 - 25 - 30), sendo a primeira etapa (08/05) um Prólogo em Amsterdã e a última etapa é a chegada em Verona no dia 30 com um contra-relógio também.
Serão 5 etapas de montanha (dias 16 - 22 - 23 - 28 - 29), as mais interessantes e que realmente costumam decidir o vencedor desse tipo de prova.
O restante das etapas é de dois tipos, as planas (7 etapas) e as chamadas onduladas (5 etapas). Estas etapas são o feijão com arroz da prova e costumam ser vencidas por sprinters. Normalmente nenhum ataque importante acontece nelas e é a hora dos anônimos terem seus minutos de fama a frente do pelotão. Os líderes das equipes vão muito bem protegidos no meio do pelotão e simplesmente completam a etapa junto com todos outros.
O Giro é menos importante que o Tour, mas sempre mostra como as equipes estão preparadas para a temporada. É a hora para os últimos ajustes para quem pretende ir ao Tour.

Para acompanhar a prova pela TV, no Brasil a única opção é o canal italiano RAI, que costuma passar as etapas quase sempre na íntegra, mas também existem opções pela internet. Uma delas é o site http://www.channelsurfing.net/ que costuma transmitir o Giro, entre outras competições.
Para quem não tem tempo para ver as coisas ao vivo, a melhor opção são os sites Cycling Fans, e o Cycling News que têm cobertura fotográfica e jornalística especializadas.

A foto que ilustra o post mostra o que todos ciclistas do Giro desejam......o troféu de campeão do Giro 2010. Mas é claro que, por se tratar de Itália, tudo tem sempre que vir acompanhado de uma linda mulher.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Eurovelo, que inveja.
Pode parecer que estou obcecado por meios de transporte, mas é que li a notícia hoje e não pude deixar de sentir um pouco (mais um pouco) de inveja da Europa - "Ciclovia vai atravessar 20 países ao longo da Cortina de Ferro". O projeto tem apoio da União Europeia, de algumas empresas de ciclismo, da ECF (European Cyclist’s Federation) e dos governos de cada país. A intenção é integrar a Europa com uma ciclovia gigante - a EuroVelo, que somará, quando pronta, 60 mil km de ciclovias. Atualmente 45 mil km já estão praticamente prontos.
A Eurovelo é composta por vias que não foram construídas especificamente para esta finalidade (estradas já existentes) e por vias projetadas para o cicloturismo. As vias que já existiam precisaram ser aprovadas pela ECF e várias são as exigências. Entre as principais: possuir infraestrutura (comércio com provimentos a cada 30 km, hospedagem a cada 50 km e transporte público a cada 150 km); nas vias que permitem circulação de automóveis, que seja inferior a 1000 automóveis/dia; a inclinação não pode ser superior a 6%; e deve permitir 2 bicicletas lado a lado. Todas essas exigências servem para que o trajeto não seja feito apenas por atletas, a intenção é que qualquer pessoa com vontade possa pegar uma bicicleta e viajar, mesmo sem ter o condicionamento de um ciclista competitivo.
Os caminhos levam do norte da Noruega à Sicília (sul da Itália), de Moscou a Irlanda, de Londres a Roma, enfim, cruza a Europa de várias maneiras (mapa). Em alguns locais como a Áustria, vários hoteis ficam à beira da ciclovia e fornecem aos turistas (além do serviço de hotel normal) reparos em bicicletas, venda de peças, etc. Este último trecho a ser construído (o Eurovelo 13) se chamará Iron Courtain Trail, em alusão à “cortina de ferro”. Terá 7 mil km e cruzará 20 países. Projetos semelhantes já existem na Alemanha. Um deles é a ciclovia ao longo de antigo Muro de Berlim, com uma extensão de 160 km.
Enquanto isso, no Brasil temos apenas 600 km de ciclovias. Pelo clima do Brasil (propício para a atividade ao ar livre) e por sermos relativamente pobres (o que é um dos motivos que leva muitos trabalhadores a usar a bicicleta como meio de transporte) o investimento nesse tipo de transporte deveria ser muito maior. Além disso, se trata de grande um investimento inicial, mas que requer pouca manutenção quando comparado às outras vias.
Muitas das ciclovias brasileiras vão de nenhum lugar a lugar algum, ou seja, ficam num centro urbano e para usar a ciclovia a pessoa deve levar sua bicicleta até o local, de carro ou se arriscar no trânsito. Chegando lá o que se pode fazer é um vai-e-vem inútil de meia dúzia de quilômetros, ao longo de uma avenida, em volta de uma lagoa ou de uma praça, quase sempre desviando de pedestres, patinadores, skatistas, carrinhos de bebê, etc. Faltam ciclovias que acompanhem as vias normais, que percorram os trajetos que interligam bairro-centro ou cidades vizinhas.
A ciclovia aqui ainda é vista como um local para o lazer, para o pai ensinar o filho a pedalar ou para se passear nas manhãs de domingo. Falta entenderem que aquilo pode ser um local de lazer, mas a intenção principal da ciclovia é tornar-se uma alternativa ao trânsito motorizado, é para usar a bicicleta como meio de transporte barato, saudável e não poluente.
Minha irmã morou na Holanda na década de 90 e testemunhou que nos mercados, o espaço destinado às bicicletas era sempre maior do que o destinado a estacionar automóveis. Aqui qualquer estacionamento visa abrigar o maior número de automóveis, algum espaço para motocicletas, e se sobrar uns 5-6 metros se coloca um suporte metálico para encaixar a bicicleta.
Mas a mudança é muito mais profunda do que parece. Além do cicloturismo, dos mochileiros que querem viajar, faltam itens estruturais mais simples no país e visão empresarial, por exemplo, locais para guardar as bicicletas e chuveiros que permitam um banho ao chegar ao serviço após a pedalada. É uma questão de mudar de mentalidade. No Brasil, usar a bicicleta como meio de transporte é “coisa de pobre”, mas é um pensamento bastante atrasado. Lembro-me de ver os professores da tradicional University of Oxford pedalando de terno e gravata borboleta, indo para a universidade e entrando nas suas salas com um capacete embaixo do braço. O brasileiro é muito chique, alguém consegue imaginar um médico chegando ao hospital de bicicleta? O que iriam dizer - o doutor está maluco, ou é muito pão duro, tem dinheiro pra andar de carro, mas anda de bicicleta. Era capaz até de perder paciente já que o normal é o doutor chegar num carro importado porque isso parece ser sinônimo de competência e sucesso profissional. Infelizmente aqui bicicleta é para pedreiros e demais trabalhadores braçais.

sábado, 24 de abril de 2010

Eu quero um trem!!!
Uso a estrada diariamente pra me deslocar, pra correr e pra pedalar porque moro à beira de uma rodovia, a BR-392 que faz todo escoamento da produção rumo ao Porto de Rio Grande, segundo porto mais importante do país. Enquanto alguns enxergam o progresso chegando de caminhão em direção ao porto, eu vejo um atraso de vida e fico triste. A todo o momento me pergunto - quando teremos trens?
Uma composição (locomotiva + 80 vagões) carrega o equivalente a 200 caminhões, vamos fazer uma conta rápida. Mesmo sabendo que eles não andam num grupo tão numeroso, um comboio de 200 caminhões ocupa pelo menos 6 km em uma estrada, são 200 motores a diesel poluindo e uns 1600 pneus “castigando” a estrada. Imagine que, se apenas uma composição representa tudo isso em caminhões, o que poderíamos diminuir em acidentes, poluição, engarrafamentos, aumentar a vida útil das estradas, etc. se o sistema ferroviário fosse eficiente?
No pico da safra agrícola no estado, chegam ao porto de Rio Grande mil caminhões por dia. O porto consegue absorver 600, o restante se acumula em longas filas no acostamento e por onde der, atrapalhando o trânsito e seguidamente causando acidentes.
O produtor economiza pelo menos 10% com transporte ao usar trem, mas faltam vagões, apenas um terço da produção de soja viaja pelos trilhos. E o que pode ser mais contraproducente do que carregar grão em caminhão? Basta ver como fica o acostamento das estradas em época de safra da soja, fica amarelo de ponta a ponta, com um rastro de grãos que vão sendo perdidos no caminho. Mas nós somos um país rico, podemos literalmente jogar comida fora. Detalhe, o grão ao ser molhado vira uma pasta altamente escorregadia, qualquer veículo que entre no acostamento e precise frear derrapa com certeza. Acostamento significa - local para onde normalmente os caminhoneiros nos “empurram” durante suas ultrapassagens.
Rio Grande também tem um dos maiores terminais de containeres do país, e a comparação é a mesma, enquanto um caminhão leva um container, uma composição levaria facilmente uma centena.
Existe luz no fim do túnel?
Cogita-se agora a criação da Ferrosul, que seria uma ferrovia com várias ramificações, ligando o porto de Rio Grande a regiões como a fronteira Oeste do Estado, criando ramos para países vizinhos e em direção norte atingindo até Mato Grosso do Sul e São Paulo. Tomara que saia do papel.

E o transporte de passageiros? Imagine trocar 4 horas de estrada entre Rio Grande e Porto Alegre, com direito a pedágios, muitos buracos e caminhões nos jogando pro acostamento, por uma viagem de 2 horas a bordo de um trem muito mais confortável, que levaria mais gente, poluiria menos e provavelmente seria mais barato.
Fomos na contramão, enquanto outros países seguiram investindo em ferrovias, o Brasil a partir da década de 50 considerou que trilho era coisa do passado, o futuro é o asfalto, “o petróleo é nosso”, e foi sistematicamente desativando toda malha ferroviária entre as décadas de 50 e 80. Dos anos 90 pra cá as estações de trem Brasil afora ou foram destruídas ou viraram algum tipo de museu.
Em toda Europa usa-se trem pra transporte dentro da cidade, entre cidades e entre países. Na China, 80 sistemas de metrô estão sendo construídos atualmente. Não somos chineses, mas quantos metrôs estão em construção atualmente no Brasil?
Claro que muitos reclamam do impacto social que isso causaria, e existe um interesse comercial gigante em volta do caminhão, mas não é uma mudança da noite pro dia, e no longo prazo seria um benefício coletivo (menos acidentes, menos poluição, menos engarrafamentos, estradas mais bem conservadas, etc.). E todos os setores se adaptam com o progresso. Quem vendia discos começou a vender cd’s e hoje com o MP3 está indo à falência, a injeção eletrônica acabou com os mecânicos experts em carburador, as tipografias viraram parques de impressão laser. O sujeito que consertava máquinas de escrever morreu de fome, o cinema sofreu com o vídeo cassete, que virou DVD e que agora sofre com a pirataria, vender filme fotográfico também não dá mais dinheiro e por aí vai. O que não dá pra engolir é seguir com a coisa do jeito que está só porque é cômodo ou porque a mudança afetaria muitas pessoas. É preciso ver quantas perderiam e quantas ganhariam com isso.