As diferenças mais visíveis entre os shows eram: no Rush havia mais camisetas pretas e cabelos brancos na plateia. No Rush a área VIP estava proporcionalmente mais cheia que as outras, provavelmente reflexo da faixa etária do público, gente que já não tem mais idade pras horas de fila e quer ver a banda mais de perto (porque foi pro show sem óculos). No Bon Jovi o público era 50/50 (metade homem, metade mulher), no Rush era metade homem e a outra metade também. Não, falando sério tinha mulher na plateia, mas poucas eram visivelmente fãs do Rush, a maioria parecia estar lá como acompanhante. Fila pros banheiros: no Rush não havia fila feminina, mas a masculina era imensa, praticamente o oposto do BJ. Como no Rush o público era ligeiramente mais velho, tinha bastante gente fumando maconha, o que está completamente fora de moda.
O show do BJ estava muito bom, mas o do Rush é uma experiência que qualquer músico deveria ter, gostando ou não de Rush. Eu mesmo não me considero um grande fã da banda, mas ouvi muito Rush quando comecei a tocar guitarra e ouvir rock "de verdade" (1986). Nessa época os LP's do Deep Purple, Led Zeppelin, Pink Floyd e Rush eram os mais tocados na minha casa e dos amigos. E eu jamais poderia imaginar que um dia assistiria eles ao vivo, muito menos que eles ainda estariam na ativa quando eu estivesse me aproximando dos 40 (a banda surgiu em 1968). E na transição dos LP’s para os CD’s da juventude, meu primeiro CD foi o Slippery when wet do Bon Jovi, presente de aniversário (17 anos) de uma namorada.
Tudo bem que eles usam bases pré-gravadas e sintetizadores, mas é incrível a potência do som que o trio consegue produzir ao vivo, nenhum DVD ou filmagem consegue reproduzir. E eu fui ao show principalmente por esse motivo, não como fã de cantar música junto, mas eu queria ver a qualidade técnica da banda e mesmo esperando o melhor possível eu ainda fiquei surpreendido. As músicas que mais fizeram o pessoal delirar foram as conhecidas Closer to the heart, Tom Sawyer (lembram da abertura do McGyver??) e a The Spirit of radio (pra quem é gaúcho, tema de abertura do Jornal do Almoço durante anos) além da parte em que eles tocaram na íntegra o álbum Moving Pictures. Para o meu gosto de Rush, queria ter ouvido mais coisa dos álbuns Counterparts e Roll the bones, a fase que mais gosto deles são os anos 90, mas sem reclamações. O sistema de iluminação e efeitos especiais de palco que o Rush usa é uma atração extra. Uma estrutura de luzes similar à uma aranha fica sobre os músicos e se articula, muda de cor, sobe de desce durante as músicas. Câmeras ficam na parte superior do palco para filmar de cima os músicos (principalmente o baterista).
Lição: nunca vá a um show com máquina fotográfica nova achando que as configurações são “intuitivas”.
No show do BJ fui e voltei de táxi dividido com gente que encontrei no caminho. Para o Rush fui caminhando por causa do engarrafamento e do preço abusivo que os taxistas cobram pelo horário e pela procura que um show de 50-60 mil pessoas causa na região do Morumbi (um trajeto de 20 reais pode custar até 100, dependendo do humor do taxista).
Dei uma checada no deus Google para fazer um caminho e ver a distância. Do hotel ao estádio eram 4,5km. A ida a pé foi tranquila (apesar de ter muita subida), mas na volta resolvi correr ao invés de caminhar porque andar 4,5km em SP depois da 1 da manhã não me pareceu ser muito legal. Resultado, devo ter corrido os meus 4,5km mais rápidos na modalidade "estou da calça jeans, tênis velho e em pé há mais de 5 horas".
No Brasil é assim, ás vezes ficamos meses, anos sem nenhum show internacional e agora entre festivais e shows individuais, em menos de um mês acumula um monte de coisa que eu gostaria de ver (Bon Jovi, Rush, Greenday, Festival SWU: Joss Stone, Kings of Leon, Dave Matthews Band, Linkin’ Park, e o festival da Natura com Jamiroquai e Snow Patrol). E perdi esperança de conseguir um ingresso para o tal do Paul McCartney aquele (ele tinha uma banda nos anos 50-60, parece que o nome era os The Beatles). Serão 2 shows no Brasil, mas o de Porto Alegre já esgotou em 2 horas e duvido que SP seja diferente. Mas tudo bem, o Paul está em início de carreira deve vir ao Brasil ainda várias vezes.