Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

You too? Me too



Previsão de chuva pro show do U2, medo de ficar longe do palco, tomar um banho e não ver direito. A banda promete que o palco 360 graus (que parece uma aranha de 4 patas) permite que todos assistam tudo com suas passarelas que andam, bateria que gira, telão de LED 360 graus, etc., mas eu estou (mal) acostumado com área VIP, na cara dos músicos. Só que colado no palco do U2, além de impossível conseguir comprar, custava mil reais. Outro detalhe, com o show à parte que é a iluminação do palco, quem fica na Red Zone (vip) fica de cara com o Bono, mas perde bastante do efeito visual do palco. (ok, meio desculpa de quem não ficou colado no palco). Comprei ingressos para “arquibancada vermelha especial” do Morumbi porque foi o que deu pra conseguir. A procura por esse show foi tanta que seria apenas um show no Brasil, mas resolveram fazer 3. E o site (que aguentou numa boa a venda do show do Paul McCartney), ficou completamente congestionado, os 3 shows esgotaram. Não choveu como previsto, noite estrelada. Eu poderia ser esperto e parar o post por aqui dizendo que o show é indescritível e que nenhuma foto ou vídeo consegue mostrar o que é a coisa ao vivo, mas..... Já ao entrar no estádio (20:00) e me deparar com aquela enorme estrutura foi impactante, a impressão é de se estar no set de filmagem de uma ficção científica. Fui com a minha irmã e nos sentamos ao lado de um casal de mineiros que chegaram ao estádio às 16h (fizeram bate-volta BH-SP-BH, sem pausa pra banho/dormir). Existiam 2 tipos de banheiro no Morumbi: feminino e unisex. Devido ao grande número de mulheres e ao tempo maior que elas levam, a fila do feminino era infinita. Aí fizeram o seguinte: entrava um grupo de 20 mulheres no banheiro dos homens, depois que elas saíam, entrava um grupo de homens e iam alternando. Mas claro que a sincronia não era perfeita, ou seja, acabou que no lado dos homens o negócio virou unisex, com as gurias usando os vasos e os homens os mictórios em pé. Abertura da banda Muse. Interessante o som dos caras, mas não dá pra digerir assim na primeira ouvida. Achei uma mistura de New Order - Radiohead - Rage Against the Machine (se é que isso é possível). Eu não conhecia a banda, mas entre os 89 mil presentes tinham vários fãs da Muse. Às 21:40 os 4 irlandeses aparecem sem muito glamour, com as luzes acesas e se posicionam nos seus lugares para um show de 2h15. Mais uma vez eu me esqueci de levar algodão pros meus ouvidos. Quando tinha banda eu ficava com os ouvidos zumbindo após ensaios e fico assim após shows também. Se botar algodão no ouvido não fica zumbido e dá uma filtrada no som. O meu ouvido esquerdo já não é o bicho porque eu ensaiava de lado pra bateria. (lembrando que sempre que ficamos com ouvido zumbindo é sinal de que ouve prejuízo irrecuperável à audição). Por falar em som, o único ponto que eu melhoraria no show era a qualidade do som. Os auto-falantes principais ficam pendurados na volta da estrutura, tinha volume, mas o som poderia ser melhor. Falta algo para funcionar como concha acústica. Por falar em som, sempre que vou ao Morumbi penso - como fica o hospital (Albert Einstein, ao lado do Morumbi) num dia de show? Eu penso em alguém que esteja se recuperando, com dor, tomando algum remédio pra tentar dormir. Não levei máquina fotográfica porque sabia que não conseguiria fazer fotos muito boas e com certeza esse show é o que mais tem fotos/vídeos na internet, se botar “U2 360” no Utube ou Google Images vem uma infinidade de coisas. Além disso, o Bono disse que esse show seria filmado e recomendou que o pessoal baixasse pra guardar de lembrança. Nos anos 80 a gente alugava VHS em locadora e ia pra casa de alguém, juntava dois vídeo-cassetes e pirateava as fitas pra ver 150 vezes a mesma coisa. Geralmente vídeos de shows e surf (com som horrível e imagem cheia de chuvisco). Eu lembro de adorar ver incontáveis vezes aquele vídeo Rattle & Hum (1988) e minha música favorita era "Where the streets have no name", com aquela iluminação vermelha e o Delay interminável da guitarra do Edge entrando devagarinho. E ali estava eu, 20 e poucos anos mais tarde, assistindo aquela cena ao vivo, com a mesma iluminação vermelha, todo arrepiado e me perguntando - como é que esses caras conseguem fazer isso por tanto tempo? É tipo: “Sir Paul McCartney, como o senhor ainda consegue ter vontade pra sentar ao piano e cantar Let it be?” Músicas dispensáveis do show: a participação do Seu Jorge cantando em inglês uma música do Kraftwerk em ritmo de bossanova foi totalmente fora de contexto, também não me agradaram "Even Better Than The Real Thing" (numa versão quase irreconhecível), "Miss Sarajevo" e "Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me". Momentos legais que marcaram o show: o Bono pega uma guria da plateia, senta com ela e mostra um texto, ela começa a ler e percebi que era a primeira estrofe de “Beautiful Day”, mas em português. Antigamente o Bono fazia um discurso sobre “crianças africanas - AIDS - fome - anistia” antes da música “One”, agora o discurso dele foi abolido e antes da “One” eles projetam nos Leds uma fala bem breve e interessante do Prêmio Nobel Desmond Tutu, aí quando entrou o primeiro acorde o mineiro que tava do meu lado com a namorada falou - “nóóó, tô repiado” (em Minas Gerais eles falam nóóó ao invés de nossa).

Durante a música “City of blinding lights” canhões de luz são apontados pára o céu e o facho vai muito alto. A impressão é que a luz não tem fim (mais alto que o chamado pro Batman), mas em termos de iluminação o mais legal foi na “With or without you” quando o palco fica escuro (azul) e surge uma mirrorbal (aquelas bolas de vidro das discotecas) no alto da “aranha”. A bola gira e todo estádio fica na penumbra, apenas com aquela luz giratória e uma quantidade absurda de luzes na plateia dos celulares e câmeras. Além dessas citadas, outras músicas que completaram a noite e que não podem faltar em shows do U2: I will follow, I still haven't found what I'm looking for, Pride (In the name of Love), Sunday Bloody Sunday, Walk On e All I want is you (só o início pra dar a deixa para a Where the streets....).
O telão circular de LED assume 3 posições: no alto fechado, embaixo fechado ou aberto engolindo a banda (não deu pra entender né), depois eu li que são 1300 metros quadrados de tela, resolução de 500 mil pixels. O palco de 46 metros de altura é tão grande e complexo que eles têm 3 cópias de algumas partes para acelerar a montagem de uma cidade pra outra. Se não fosse assim demoraria mais de uma semana para ir de um local pro outro. A banda segue a mesma coisa, até porque musicalmente o U2 não é uma banda de alta técnica musical, suas músicas são extremamente simples, muito mais embasadas em melodia do que em técnica. A voz do The Edge nos backing vocals segue na medida exata e a voz do Bono ficou prejudicada em alguns momentos (minha opinião) por causa da qualidade dos auto-falantes. Não que fosse ruim o som, mas digamos que o visual é imensamente superior à qualidade do som que o palco gera. Cheguei a pensar se não poderia ter sido algum prejuízo devido às chuvas dos dias anteriores. Mas não quero dizer que o som era ruim, é que eu esperava a perfeição sonora similar ao show visual. Não vou comparar porque são artes diferentes, nunca vi o Cirque Du Soleil ao vivo, mas penso que esse palco do U2 gera um tipo de espetáculo como o Cirque no sentido de que é algo que a gente pode até ver pela TV, mas não tem como explicar, tem que ver ao vivo. O tamanho das coisas e a intensidade da iluminação somada ao impacto das músicas que a gente ouve há mais de 20 anos cria um ambiente muito marcante. Não é à toa que a imprensa mundial chama essa turnê de “O maior espetáculo da terra”. Além de todas as fotos que usei no post, e independente de gostar ou não da banda, este vídeo mostra um pouco da grandiosidade que é esse show:

Nenhum comentário:

Postar um comentário