Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Mundial de Ironman do Hawaii - KONA 2019 – uma visão matemática e evolutiva da prova

























Um esporte que começou meio de brincadeira virou um estilo de vida, um esporte olímpico e ao mesmo tempo um símbolo de resistência. E o ápice deste esporte pode ser representado por 3 eventos, nesta ordem de importância: Mundial de Ironman (Hawaii) – Jogos Olímpicos – Mundial de 70.3. (podemos discutir entre a importância do Mundial do Hawaii e a Olimpíada, tudo bem).
Hoje em dia podemos acompanhar estas provas ao vivo, mas me lembro dos anos 90 quando eu assinava a revista Triathlete e esperava a edição de novembro ou dezembro pra ficar sabendo quem tinha vencido no Hawaii naquele ano. Detalhe que com a importação eu recebia a revista quase um mês depois dela sair nas bancas nos USA. Publicações brasileiras de triathlon não existiam e algumas revistas de ciclismo (como a Trekking) faziam matérias sobre a prova do Hawaii.
Para estes 3 eventos é preciso se classificar, e aí a ordem muda em termos de dificuldade, sendo que o mais difícil de longe seria a Olimpíada, depois o Ironman do Hawaii e por último o mundial de Meio Ironman (70.3). classificar-se para o Hawaii é 72 vezes mais fácil que se classificar para a olimpíada.
E o termo Ironman, como tudo que os americanos fazem, virou uma marca. Bem cara, diga-se de passagem. A prova que teve 15 malucos na primeira edição hoje em dia mexe com um mercado de aproximadamente 150 mil atletas no mundo todo, que competem em mais de 100 eventos com o sonho de ser um daqueles 2% que conseguem a vaga para Kona todo ano, e para isso investem muito dinheiro.

Mas vamos focar no mundial do Hawaii, quais as maneiras de se obter uma vaga nesta prova?
1) os profissionais competem em um circuito ao longo do ano e acumulam pontos que são convertidos em chance de vaga. Além disso, os profissionais que ficarem nas 5 primeiras colocações (masculino e feminino) têm suas vagas garantidas no Hawaii no ano seguinte – desde que no decorrer do ano eles completem pelo menos uma prova de Ironman;
2) os amadores competem nestas mesmas provas de Ironman ao redor do mundo e de acordo com suas colocações podem conseguir vagas, em média 20 vagas são distribuídas por evento;
3) existe uma loteria de vagas, sim, sorteio mesmo;
4) existem vagas vendidas no mundo corporativo (por um preço que pode chegar aos 100 mil reais) e por leilão no eBay também – tudo muito caro;
5) existem os Wild cards, que são convidados que a organização julga interessantes, por exemplo, alguma celebridade que pode atrair mídia para a prova, ou pessoas com histórias de vida diferenciadas, tipo algum ex-combatente de guerra, além de atletas cadeirantes que podem ter sua qualificação através de entidades apoiadoras dos para-atletas;
6) Legacy – todo atleta que complete 12 provas de Ironman, independente de colocação, que nunca tenha feito o Ironman do Hawaii e que tenha completado pelo menos um Iron nos 2 anos anteriores, pode concorrer a uma vaga (100 são sorteadas por ano entre estes atletas);
7) existem vagas especiais para militares americanos distribuídas em alguns eventos-chave;
8) também é possível conseguir vagas para o Ironman competindo em provas de 70.3 (Meio Ironman), geralmente umas 4-5 provas nessa distância distribuem vagas para Kona, sendo que o 70.3 do Hawaii sempre tem esse tipo de vaga. Não por acaso, as outras vagas costumam ser distribuídas em eventos de 70.3 na Ásia, visto que a empresa Ironman tem intere$$e nesse mercado. A marca Ironman enxerga o mundo dessa forma: norte americanos (Canada e USA) e europeus já estão conquistados, eles têm dinheiro e muitas provas pra se classificar, africanos e latinos não têm dinheiro, e os asiáticos têm dinheiro mas ainda são minoria entre os atletas.
Isso (aliado ao calendário) resulta que determinadas provas são mais fáceis de se conseguir vaga pra Kona, mas isso daria outro texto.

Mas quem são e de onde são os profissionais do Ironman hoje em dia?
Em 2019, entre os profissionais, 22 países estavam representados no Hawaii, mas essa chamada elite do Ironman é mais representada por 2 países majoritariamente, Estados Unidos e Alemanha. Como a prova surgiu nos USA e acontece em solo americano, faz sentido que 27% das mulheres sejam americanas entre as profissionais, já entre os homens, 23% homens são alemães.
A Alemanha tem 1,1% da população mundial, mas quando se trata de Ironman (principalmente o do Hawaii), eles estão em maioria. Tem até algumas teorias (pouco embasadas) sobre a alimentação deles que seria benéfica para esse tipo de prova (um pouco mais de gordura e menos carboidrato que outros países), mas eu acho que é a cerveja. Independente disso, a questão é que hoje em dia o Ironman profissional é um esporte extremamente europeu (55% dos profissionais este ano em Kona) , sendo que, no Hawaii, a Alemanha manda.
O primeiro pódio alemão foi em 1993. De lá pra cá, olhando somente os Top3 masculinos, 40% são alemães. Olhando todos os Ironmans do Hawaii (desde 1978), a maioria dos Top3 são americanos, mas, considerando a prova após o ano 2000, apenas 4 atletas foram americanos: Tim DeBoom, Chris Lieto, Ben Hoffman e Timothy O'Donnell. E por falar neste último, em 2019 nem ele acreditou na prova que fez, segundo lugar e abaixo de 8h. Até 2 semanas antes de prova ele achava que nem iria largar. Fraturou pela segunda vez um osso do pé poucos meses antes da prova, correu muito tempo somente na água e em esteira (Alter G, que anula boa parte do peso do atleta) e disse que se sua esposa Mirinda Carfrae não fosse competir ele provavelmente nem iria para o Hawaii. Mas como toda família ia para lá, ele se sentiu mal em não honrar o fato de ter conseguido a vaga. Por isso decidiu largar. E fez a melhor prova da sua vida.

Como é o corpo desses atletas profissionais?
As idades este ano variaram de 23 a 45 anos e este é o perfil do profissional de Ironman atualmente (com base em 97 atletas de 22 países):
As alturas entre as mulheres variaram de 157cm (Barbara Riveros, Chile) a 178cm (Caroline Steffen, Suíça), já entre os homens foi de 170cm (Frank Silvestrin, Brasil) até 194cm (Jan Frodeno, Alemanha). Aparentemente uma boa relação peso/altura seria algo em torno de 10kg abaixo da estatura para homens e 12kg mulheres, e analisando somente os Top5 apenas isso permanece. No masculino os primeiros 5 homens tinham em média 1,84m e 74kg, no feminino as Top5 tinham 1,66m e 55kg. (pelo menos corpo de atleta eu tenho, com 1,83m e 72kg, só me falta o resto).

A evolução dos tempos entre os profissionais.
A tabela abaixo traz as médias/medianas de tempos para se ter uma ideia do que é estar nesse nível. Isso nos mostra que é preciso mais ou menos nadar 3800m a 1’20”/100m; pedalar 180km próximo de 40km/h e correr 42km num pace de pelo menos 4’05”/km para “competir” realmente com os homens nessa prova. Já para as mulheres é preciso nadar no máximo a 1’30”/100m; pedalar acima de 35km/h e correr abaixo de 4’20”/km. Não são ritmos altíssimos, mas considerando a duração da prova e o fato das disciplinas serem em sequência, aliados ao calor, umidade e vento havaianos, tornam os valores muito elevados para a maioria dos mortais.

Mas como os tempos vêm caindo ao longo dos anos?
Da década de 80 até hoje mais de uma hora foi diminuída do tempo total de prova e a resposta do motivo para isso é bem direta: as bicicletas evoluíram. Simples assim.
Treinamento, suplementação, tênis, psicologia, número de seguidores no Instagram, etc... bla, bla, bla, muito legal e ajuda, mas a verdade é que esse pessoal de hoje é – no máximo - tão bom quanto eram os Big Four (não estou falando dos Beatles – Big Four do triathlon: Scott Tinley, Dave Scott, Scott Molina e Mark Allen). Estes senhores sexagenários abaixo somam 27 pódios (Top3) em Kona.





Na natação, na década de 80 já tinha gente (masculino e feminino) nadando abaixo de 50' e as melhores marcas dos últimos 30 anos ficam entre 47-49 minutos. É o corpo na água e nada mais, não muda e nem deve mudar a não ser que (re)inventem roupas mágicas, como as banidas da piscina.
Na corrida, os tempos são os mesmos de sempre. Para se ter uma ideia, em 1989 Mark Allen fez a maratona em 2h40' e Dave Scott fez em 2h41’ (mais rápidos que o Frodeno agora em 2019), há 30 anos as marcas ficam entre 2h40’ - 2h42’. Detalhe, os atletas na verdade chegaram a fazer abaixo de 2h40’ na década de 80, mas nos registros isso não aparece porque a prova não era com chip e a T2 ficava computada na maratona. Considerando que a nutrição na prova era precária e eles carregavam bikes de quase 15kg, esses feitos de 30 anos atrás são mais relevantes ainda (e eles não tomavam whey protein, pasmem).
Agora, na bicicleta, se olharmos os melhores tempos da história, todos ocorreram nos últimos 2-3 anos. Em 2011 baixaram pela primeira vez a marca de 4h20', o que foi um marco, mas em 2018 e 2019 os 10 melhores tempos da bike foram abaixo de 4h20 (2019 - média de 4h16') - Alistair Brownlee, mesmo com um furo de pneu, fechou o ciclismo em 4h19'58", quer dizer, o que era recorde 8 anos atrás, virou a norma entre os profissionais em menos de uma década.
É só uma suposição, mas talvez este furo do Brownlee tenha prejudicado um pouco a sua maratona, porque mesmo com a parada ele fez o décimo tempo no pedal. Muito provavelmente ele teria “quebrado” igual na corrida (ele e Lionel Sanders caminharam e conversaram muito), mas talvez ele tivesse um Top10 se não tivesse furado. Alistair Brownlee praticamente empatou na liderança da natação e mesmo com essa parada para pneu furado, ele foi apenas 5 minutos mais lento que o melhor pedal (Cameron Wurf), ou seja, será que ele teria a capacidade de fazer o melhor pedal da prova? Difícil dizer, mas claramente ele sofreu muito com o calor (enfiava a cabeça toda nos toneis de gelo das estações de hidratação) e com o 30º tempo de corrida (3h13’) não teria muito o que fazer.
Uma estimativa histórica semelhante foi feita para mostrar qual a diferença entre Usain Bolt e corredores de elite dos anos 1920-1940. Se fosse possível pegar um atleta daquela época e colocar em uma pista moderna, com blocos de largada, roupa justa e sapatilhas, eles chegariam muito próximos de Usain Bolt, as diferenças que são na casa dos 2-3 segundos cairiam para alguns décimos de segundo.

Mas falando em bicicleta – como foi o Bike count?
Todo ano se faz a contagem das marcas do equipamento de ciclismo de TODOS os atletas que estão em Kona, isso serve como indicador de mercado. A estatística agora contabiliza: quadros, rodas, guidão aero, grupos, pedais, selim, equipamento de hidratação e até marcadores de potência, mas aqui vamos ficar apenas com os quadros. E quando falamos em bicicleta, o atleta amador sempre se espelha nos profissionais. Isso ao mesmo tempo que é infantil, tem uma explicação. Um pouco é imitação, um pouco por confiar na marca, mas sempre que vemos um atleta usando determinada marca fica a dúvida – ele usa porque prefere, porque acha que é melhor ou porque é a marca que ofereceu mais dinheiro para ele? Este ano eu fiz o meu bike count dos profissionais para comparar. O topo da lista não muda há mais de 10 anos, e isso é entre amadores e profissionais. Mas a canadense Cervélo vem perdendo espaço.
A Cervélo domina com muita folga há mais de uma década, em alguns anos o número de Cervélos era superior à soma da 2ª, 3ª e 4ª colocadas juntas. E o que se vê geralmente em termos de tendência é – quando uma marca começa a fazer sucesso entre os profissionais (ou quando alguma estrela surge), aquela marca vai crescer nos próximos 2-3 anos. Exemplo, a Orbea era irrelevante no triathlon, com a aparição do Craig Alexander no final dos anos 2000 (vice-campeão em 2007, campeão em 2008 e 2009), ele ajudou a marca a vender muitas bikes mundo afora (incluindo uma que está aqui em casa). Em 2011 ele venceu pedalando uma Specialized, e com a saída dele do cenário profissional, a Orbea vem caindo ao longo dos anos. Normann Stadler fez isso pela Kuota, Sebastian Kienle pela Scott em uma escala menor (porque a Scott já era uma marca estabelecida). O fenômeno Chrissie Wellington pedalava – Cervélo, o que ajudou mais ainda a solidificar a liderança da marca.
Mas é claro que não se pode ignorar que algumas marcas apresentam grandes evoluções por tecnologia, como a Ventum, enquanto outras marcas são mais estáveis e tradicionais, principalmente entre o público americano, como a Trek e Specialized. O CEO da Ventum afirma que seus quadros não apenas são os mais aerodinâmicos, mas eles foram desenhados para o tipo de vento predominante na prova do Hawaii, ou seja, eles afirmam que fizeram “A” bike para aquela prova, e é uma marca pouco interessada em peso ou beleza, o negócio deles é aerodinâmica. Ventum One IRONMAN 2019 World Championship Edition abaixo.
A Canyon foi fundada em 2002 e é a única marca “nova” entre as Top5 dos amadores. Após a vitória do Jan Frodeno em 2015 a marca teve um crescimento de 350% no Hawaii, e tudo indica que ela deve assumir pelo menos a terceira posição ano que vem entre os amadores, afinal, em 2019 Frodeno novamente venceu a bordo de uma Canyon, certo? E a Cervélo manterá a liderança? Provavelmente sim, até porque se seguirmos a regra da imitação dos amadores – Anne Haug venceu este ano a bordo de uma Cervélo.
Detalhe que eu tenho uma Cervélo por acaso. Eu nunca gostei muito dessas “unanimidades” e nessa época todo mundo tinha Cervélo. Eu ia importar uma Scott Foil em 2011, e o dono da loja nos USA me convenceu a pegar uma Cervélo S2, e me falou: “não vais te arrepender. A Scott é uma marca boa, mas essa Foil ‘ainda não está pronta’, ela deve melhorar nos próximos 2 anos ou sair de linha”. Eu acreditei nele e peguei a Cervélo.

Mas é possível vencer um Ironman na bike?
Sempre se disse que não, principalmente no Hawaii. No final dos anos 90 se cunhou o termo “Über biker”, se referindo aos alemães que poderiam vencer um Iron graças ao seu ciclismo, seguindo a sequência cronológica: Thomas Hellriegel, Jürgen Zäck, Lothar Leder, Normann Stadler e por último Sebastian Kienle. De qualquer forma, sempre se disse que a natação tem pouca importância, a bike contaria bastante, mas a corrida seria o fator determinante.
Mas isso talvez mude nos próximos anos e ao olharmos essas tabelas das colocações por modalidade dos Top5, fica claro que pedalar muito bem é essencial. Cameron Wurf foi Top 5, mesmo perdendo para mulheres na natação e na corrida.
O cenário feminino não é muito diferente. Lucy Charles fez a 11ª corrida (sentiu cãibras desde o primeiro km da maratona), mas ficou atrás do melhor ciclismo por apenas 2 minutos, o que a ajudou muito a se manter no pódio. Para quem não sabe, Lucy Charles hoje nada "pior" do que ela nadava. Ela entrou no triathlon por causa de uma decepção na natação. Nadava em nível olímpico (piscina e águas abertas) e aos 21 anos perdeu a vaga olímpica para Londres por muito pouco. Ao ficar desapontada com o esporte decidiu que precisava de um desafio, e se inscreveu para um Ironman, mesmo sem treinar ciclismo ou corrida. Em seguida conseguiu uma vitória no age group e uma vaga para Kona em 2015, ainda como amadora. Virou profissional e em menos de 2 anos já era considerada uma Top5 mundial nas distâncias Half e Full Iron.
Talvez a corrida ainda seja a modalidade essencial para se vencer esta prova, mas com o passar dos anos a tecnologia mudou isso e fez com que a bike ganhasse muita relevância. Neste caso, um fator que combina condicionamento com tecnologia (dinheiro). Para nós brasileiros isso pesa bastante uma vez que para um europeu adquirir uma bike atualizada é bem mais fácil que para um brasileiro.

Mas o que essas bikes têm de tão especial?
Esse ano vi muitas bobagens, como a bike da Heather Jackson que tinha uma tinta que mudava de cor de acordo com a temperatura. A “moda” dos pedivelas com uma coroa apenas, não sei se isso veio pra ficar, talvez entre profissionais que podem escolher a coroa específica para cada prova.
Mas basicamente o que as bikes possuem hoje em dia de muito melhor é a aerodinâmica, e nessa área o que mais me chamou atenção foram os cockpits das bikes, o guidão aero. Há muitos anos as rodas altas e depois os quadros em forma de asa recebem muita atenção nesse aspecto, mas os cockpits mudaram muito no último ano e as fábricas começaram a fazer os apoios para os braços em peças únicas de carbono desenhadas usando como molde os braços daquele atleta específico, colocaram os apoios mais altos e os braços mais juntos. Isso vale também para as garrafas de hidratação dianteiras, algumas marcas fazem um molde do antebraço do atleta e “imprimem” numa impressora 3D a garrafa que melhor se encaixa naquele antebraço.
E o outro fator que tem toda importância na aerodinâmica é aquela peça que vai sobre o selim – o atleta. E, apesar de não termos como deixar o corpo mais aerodinâmico, mais uma vez estamos falando de $$$$$$ porque os atletas passam horas em túneis de vento tentando achar a posição mais adequada, quem não tem dinheiro se contenta com um bikefit e tenta se esconder do vento.
Nesse aspecto o melhor que um amador pode fazer é perder peso, o que de brinde ainda vai facilitar pra correr e procurar estar bem “encaixado” na bike que for a mais adequada pro corpo dele e pro tipo de prova. É muito comum ver gente que investe muito mais na sua bike do que no seu corpo ou treinamento, e vemos algumas aberrações como atletas que estariam muito mais confortáveis em uma bike de estrada de $$ reais, pedalando em bikes TT de $$$$$$$$ reais numa posição equivocada e batendo com as coxas na barriga. É também o cara que acha caro pagar um bikefit e um treinador, mas investe uma fortuna num par de rodas aero, que rendem bem a 45km/h, mas ele pedala a 32km/h.
E por favor, os gordinhos que não se ofendam, a questão é que, muitas vezes este atleta teria um rendimento melhor na corrida se pedalasse de maneira mais confortável, e isso renderia um tempo melhor olhando a prova como um todo. Até porque as grandes diferenças de aerodinâmica começam a surgir em velocidades mais altas (acima de 35km/h, por exemplo). Se o cara vai lá pra pedalar a 28-30km/h deveria repensar o custo-benefício que envolve conforto, peso e aerodinâmica. Mas o pessoal quer também ficar bem na foto né.
Ou seja, antes de choramingar por não ter o melhor equipamento, avalie se a “sua parte” está OK em termos de composição corporal, bikefit e treinamento adequadamente prescrito.

O forte apelo do triathlon.
Mas em toda essa história de mundial e triathlon, o que eu sempre achei muito apaixonante neste esporte é que – em outras modalidades como a natação, ginástica, ciclismo, corrida, nunca um amador vai poder competir junto ou no mesmo lugar/momento que os ídolos do esporte de alto nível. Mas no triathlon isso é possível, e não apenas numa final como a de Kona, mas nas provas de 70.3 e Ironman mundo afora os meros mortais podem largar “lado a lado” com a elite do esporte. E ainda vemos histórias como a dos Galindez, filho (Thomas) com 23 anos consegue vaga para o Mundial, e o pai (Oscar), com 48 anos e aposentado do esporte profissional pensa: já que meu filho vai pro Hawaii, vou tentar uma vaga no age group para irmos juntos, e lá se vãos os 2 para Kona. O filho fica com a sexta colocação (9h28’) e o pai consegue um segundo lugar na 45-49 anos (8h59’).

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