Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Pinhal 2010 - Race Day.


Acordei 5:30, a chuva parou. Dormi muito bem, sem ansiedade. Ritual pré-competitivo normal (comer muito, beber muita água em cima, escovar os dentes, ir ao trono, conferir as coisas pela enésima vez, ir ao trono, protetor solar). Saí do hotel 7:25 e fui de bike até o local da prova, encontrei os guris já no check-in. Realmente não liberaram neoprene, a água estava a 24 graus.
Esse ano a prova contou com um fator que eu não tinha visto até hoje em Pinhal, o vento. Mas era vento mesmo, antes das 8 da manhã a lagoa já tinha onda e com o passar do dia só piorou. Por ser de Rio Grande e estar acostumado ao vento, eu queria vento, mas aquilo era sacanagem.
Largada tranquila, muita marola, cheguei na primeira boia uns 20 segundos após a dupla que liderava (Lucas Pretto e Frank Silvestrin). O trajeto mais longo entre as 2 boias estava horrível. O vento fazia ondas de até 30 cm e respirar olhando pra frente era certeza de “engolir” uma onda. Parei 3 vezes durante a natação para estalar minha coluna e mexer nos dedos do pé, como medida preventiva. Fiz um tempo ruim (33’), mas acho que todo mundo foi um pouco mais lento devido às ondas. Pelo que pude ver (pelos ciclistas que passei na estrada) saí em oitavo da água.
Na bike comecei devagar e já largamos contra o vento. Pela primeira vez nessa prova minha coluna não incomodou em nenhum momento. Normalmente eu fico com os glúteos empedrados ao iniciar o pedal em Pinhal, mas esse ano nada aconteceu. Fiz a primeira volta com média de 29 km/h e fui aumentando 0,5 km/h na média a cada volta. Finalizei os 90 km com média de 31,2 - com um tempo 7 minutos pior que a minha melhor marca na prova (quando fechei média de 32,4 km/h). Mas pelo meu estado físico, meu treinamento esse ano e levando em conta o vento (que me fazia pedalar a 20 km/h em alguns trechos), acho que fui muito bem.
No meio da segunda volta eu encontro o Humberto pedalando, ele tirou uma bike do ônibus e ficou pedalando no circuito com os competidores, não sei como a organização da prova não mandou ele sair, acho que nem se deram conta. Ele fez uns 50 km com os atletas.
Acertei a nutrição na bike, mesmo sem ter levado um “plano”, mas fui no feeling e acertei. Pela primeira vez fiz xixi pedalando (ai que nojo) e tomei um banho de água pra lavar as pernas e a bike onde respingou, tranquilasso.
Fiz a transição bike/run mais rápida até hoje em Pinhal (1’49”) e como sempre iniciei a prova caminhando pra acostumar. Andei 2 minutos e iniciei um trote lento. Já na primeira volta senti como estava e disse pra mim mesmo num tom amigável - “se tu fechar cada volta em 25’ tá bom”. Consegui fechar cada volta em 23’ 25”. No meio da segunda volta meu joelho direito começou a incomodar bastante (Banda íleo-tibial), lesão antiga que aparece quando corro muito ou quando corro após pedalar mais de 2 horas. Comecei a alternar trote com caminhada e alongamentos e peguei um Advil com o Franco, que é da elite mas esse ano estava só assistindo a prova e gritando com os conhecidos (ele acabou de fazer a Corrida Torres/Tramandaí - 86 km sozinho). Dos 3 que estavam estreando na distância, todos estão de parabéns, mas tenho que destacar o Michel, que pegou terceiro na categoria. Ele pedalou muito bem e me alcançou no início da corrida. Pensei que ele fosse passar voando por mim, mas comecei a trotar de forma mais regular e ele ficou um pouco pra trás (no final ele chegou 4 minutos depois de mim - excelente pelo tempo de triathlon que ele tem). Apesar de não estar no meu melhor condicionamento, eu tinha obrigação moral de ganhar dos novatos né, mas o Michel me deu um bafo na nuca legal. Lá pelo final da terceira volta a dor pelo menos parou de aumentar e permitiu que eu trotasse parando menos. E nessa prova, quando eu completei a terceira volta disse pra mim mesmo - “tchê, agora deu, acabou, é só chegar, nem que seja caminhando”. Mesmo com esses empecilhos e paradas, fiz meu segundo melhor tempo na corrida de Pinhal (apesar de parar várias vezes e caminhar muito, fechei média de 10,8 km/h). E com certeza a dificuldade do vento no ciclismo deu um desgaste extra nas pernas.
Mas fiquei muito feliz em cruzar a linha de chegada, independente do tempo. Fazendo uma média entre as 4 vezes anteriores que eu havia feito a prova, fiz um tempo melhor que o esperado.

Média 2004-2008: 5h 31 min.
Tempo total em 2010: 5h 28'51"

Parciais (melhores tempos até hoje entre parênteses)
Natação - 33'14" (28'17")
Transição swim/bike - 3'45" (2'53")
Ciclismo - 2h 53' (2h 46')
Transição bike/run - 1' 49" (melhor até hoje)
Corrida - 1h 57' (1h 48')

Ao final da prova fui pra tenda de alimentação e fiquei com o Humberto esperando os guris chegarem. O Franco veio me dizer que estava preocupado comigo porque eu estava desfigurado, disse que eu deveria comer mais sal na prova. Expliquei que eu estava meio magro porque a mulher me largou, aí ele mudou de expressão, fez uma cara de quem já passou por isso e disse: “ah bom, então meus parabéns por ter completado, não foi falta de sal”. Na volta, por uma questão de segurança, o Kiko voltou comigo e despachamos a bike dele no ônibus do Humberto. Infelizmente, esse ano não tivemos fotos da competição, apenas do antes e depois, já que o Humberto assistiu toda prova mas é analfabeto em termos de máquina fotográfica.
Agora parece que o Kiko entendeu a diferença entre um triathlon como esse e uma prova curta. Numa prova curta, quando chegamos muito atrás dá uma sensação de derrota, numa prova longa como essa, do primeiro ao último colocado a satisfação é a mesma. Não faz a mínima diferença se demorou 4, 5 ou 6 horas pra chegar. A vitória nessa situação, pra gente normal como a gente, é simplesmente chegar.
Sequelas da prova no dia seguinte: coxas doloridas, joelho esquerdo doendo um pouco, joelho direito doendo muito. Outras versões da mesma competição podem ser lidas nos Blogs do Kiko, Michel e Pablo. E toda função da competição e viagem fica muito mais fácil e legal quando temos parceiros como eles. E Punta guris, ano que vem?

3 comentários:

  1. Punta, pode contar comigo, mas a mulher vai ter que ir hehe.
    Parabéns pela prova mandou muito, mesmo com os problemas durante a corrida tu foi muito bem Marlos, abrigado por toda força que tu me deu na prova relatando toda a tua experiência, me ajudando com a bike, perguntado se estava bem, dando carona pra voltar, enfim obrigado por tudo mesmo.
    Esse ano to afim de ir no 70.3 de Penha (agosto), acho que peguei o gosto por provas longas hehe.

    Abração

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  2. Grande Marlos, ja havia dito que quando entrei na faculdade vc foi o primeiro triatleta que tinha visto na vida, o Ayrton vivia relatando suas façanhas, te achava o CARA, um mostro da resistencia e ainda acho,pq nadar em 33 naquela lagoa tem que ser um monstro mesmo. Fazer aquela corridinha juntos foi um prazer e muito obrigado pelas palavras no post, com certeza dão mais ânimo ainda para continuar treinando. E no fundo sabia que não tinha corrida para te acompanhar mas ia até onde desse que já tava bom.Com certza estaremos em Punta, mas na próxima vou correr junto ou na frente hehehe
    abraço

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  3. E aí Marlos!!! Cara, prazer te conhecer pessoalmente, na certeza que foi a primeira de muitas viagens pelos triatlos da vida hehe.

    Grande abraço

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