Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Good old Aerosmith
Show da "Cocked, Locked, Ready to Rock Tour”, no Palestra Itália (estádio do Palmeiras em São Paulo), 29/05/2010, 2 dias após o show em Porto Alegre. Por que não fui ao show em POA? Porque quando o show foi anunciado seria apresentação única no Brasil. Como eu queria ver um show deles desde 1990, comprei logo o ingresso. Um tempo depois o show de Buenos Aires foi cancelado e agendaram um show para PoA. Não dava pra trocar ingressos porque era de uma empresa diferente. Mas até fiquei contente que teve o show no RS, sinal que estamos aos poucos acabando com o monopólio do eixo RJ-SP para shows internacionais (só esse ano já foram a PoA: Metalica, Guns, Megadeth, Cranberries, Aerosmith, Dream Theater, SPy Vs. Spy, ZZ Top, etc.).
O show de abertura começou 5 minutos adiantado, os gaúchos da Cachorro Grande tocaram 50 minutos, mas não vi o show todo, só saí do hotel quando vi que eles já estavam no palco. Ficando num hotel próximo ao estádio dá prá fazer essas, esperar a Cachorro Grande subir ao palco pra sair do hotel, e indo na área VIP, dá pra entrar 10 minutos antes do show que já se entra colado no palco mesmo. O show deles não incomodou ninguém, um rock simples, músicas de 3 acordes, refrão, solo, nada de novo, e o guitarrista deles até me surpreendeu (só um pouco). E como disse o vocalista: “obrigado por nos aturarem, pelo menos eu vou poder dizer pros meus netos que toquei no palco do Aerosmith”.
A troca de palco foi feita em menos de 40 minutos e aí começa o suspense. A primeira reação do povo foi quando destaparam a bateria e apareceu aquela pele do bumbo com o logo das asas. O Aerosmith subiu ao palco menos de 10 minutos após o horário (21:30). As luzes do palco se apagam e desce uma bandeira gigante com o símbolo do Aerosmith cobrindo todo o palco. Eles assumem suas posições, começam a fazer barulho e a falar com o publico até começar a "Eat the Rich" (que não estava no show de PoA), seguida por "Love in an Elevator". O repertório teve a maioria das que fizeram sucesso no Brasil nos últimos 20 anos: Crazy, Falling in Love (it’s hard on the knees), Crying, Jaded e Pink, que pra mim são “novas” (anos 90 e início dos anos 2000), além das um pouco mais antigas como What it takes que começou a capela e eu achei que ele não fosse continuar com a banda (essa foi uma das que eu filmei), Sweet Emotion, Dream On, Draw the line, Kings and Queens. Se eu pudesse incluir no repertório: Full Circle, Angel, Janie's Got a Gun. Muitos esperavam I don´t want to miss a thing que não veio, em compensação algumas trocas no repertório ficaram melhores (pra mim), como a troca de Mama Kim por Eat the Rich. Solo de bateria de Mr. Joe Kramer e solo de Joe Perry (um dos maiores criadores de riffs do rock). O solo do JP foi um tanto diferente, ele fez um duelo com ele mesmo no Guitar Hero. Antes do solo ele explicou: em todo lugar que vou alguém vem me dizer que ganhou de mim no Guitar Hero, e hoje vou mostrar pra vocês que eu sou bem melhor que o personagem, por isso que me ganham no jogo. (um sujeito atrás de mim berrava a toda hora: "dá-lhe Zé Bonitinho" pro guitarrista Joe Perry, que realmente lembrava muito o personagem por causa do topete/barba em conjunto com o narigão)
Mr. Steven Tyler aos 62 anos faz tudo que um frontman tem que fazer, além de premiar a plateia com presentes como óculos escuros e 3 gaitas de boca (ao final dos solos ele atirava-as ao público). Mas o mais legal (para o dono da máquina) foi quando ele pediu que um espectador atirasse a filmadora pra ele, o cara atirou e Tyler filmou a si mesmo cantando e um pouco da platéia, em seguida devolveu a câmera ao dono. Essa filmagem agora deve rodar o mundo via UTube.
A banda segue perfeita ao vivo mesmo com o peso da idade, as desavenças recentes e o fato de estarem iniciando uma nova turnê, que às vezes demora um pouco para se ajustar, o que não deve ser o caso pra alguém que está na estrada há mais de 30 anos. A banda ficou afastada de tudo e quase acabou por causa de um tombo do vocalista durante um show. Após o acidente, ele, como toda celebridade que se preze, ficou viciado em analgésicos e se afastou da banda que chegou a abrir vaga para outro. Com isso, agora o cuidado com o palco beira a neurose, todos os cantos são checados e inúmeras vezes, inclusive com pulos pra ver se está firme e qualquer coisa que atirem ao palco demora 4-6 segundos para que um roadie faça desaparecer, tudo para evitar possíveis tombos, tropeços, etc. (by the way, claro que atiraram uma calcinha vermelha para o vocalista).
Na parada programada para o bis, o telão mostrava uma mescla de bandeira do Brasil com logotipo da banda.
Acho que foi meu primeiro e último show do Aerosmith porque se um dia eles voltarem ao Brasil talvez não tenham mais gás para aguentar uma apresentação como a de ontem que em termos de presença de palco não deixou nada a desejar. Mas tudo bem, outros virão, só é triste pensar que tem gente que nunca veremos ou não veremos mais, Mr. Eric Clapton é um exemplo. Em Londres perdi uma temporada dele no Royal Albert Hall por poucos dias, não fui vê-lo na sua última vez no Brasil e agora acho difícil ele voltar porque não deve mais estar encarando longas turnês transcontinentais. Como ele mesmo disse recentemente: “estou ficando velho, eu me vejo nos shows de 15-20 anos atrás e percebo que já não consigo mais tocar daquele jeito”.
Todos envelhecem, mas alguns, apesar do excesso de drogas e álcool (ou quem sabe por causa disso) conseguem prolongar a juventude no palco. Steven Tyler é um exemplo disso. Tudo bem que os saltos e espacatos ficaram perdidos em algum lugar entre os anos 80 e 90, mas rebolar como o Ney Matogrosso, correr e cantar por 2 horas daquele jeito, depois dos 60, é pra poucos. Isso pra não falar naquela voz inconfundível que não é nada bonita, mas se encaixa perfeitamente em tudo que eles fazem e jamais poderiam colocar outro no lugar dele como foi cogitado tempos atrás. Seria melhor fechar a banda, até porque todos ali já têm tempo de contribuição pra se aposentar, mas tomara que ainda sigam fazendo boa música por mais um tempo. Por falar nisso, estão devendo um disco bom para os fãs desde Nine Lives, já que o último de estúdio (Just push play) ficou muito a desejar.

Um comentário:

  1. Me arrependo de não ter ido nesse show!
    Acho que seria o show da minha vida!
    O do Metallica foi muito bom, mais o do Aerosmith?
    Nem se compara!O Steven Tyler ta ótimo pra um Sr. de 62 anos. Abraços.

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