Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

domingo, 11 de novembro de 2012

Marlos Going Down Under - Parte 2.



Para ler a parte 1 da viagem - PARTE 1


Dia 3 - 29/10:
Missão #1 - achar uma loja que nos alugasse bikes de estrada para o evento que participaríamos no domingo após o congresso. Todos indicavam que fôssemos à Centennial Park Cycles. Fomos à loja, olhamos as bikes e já fizemos a reserva. Combinamos de pegar as bikes no sábado e devolvê-las no domingo, após o evento de 90km.
Esse foi um dia bem urbano, rodamos por várias lojas girando uns 50km pelo centro de Sydney. As coisas para esporte não são tão mais baratas do que no Brasil, mas temos acesso a tudo, em termos de vestuário esportivo é uma maravilha.
Visitamos uma loja que o mecânico mexe nas bikes e já treinou: Chris McCormack, Craig Alexander e Cadel Evans, estavam lá as fotinhos pra provar. É impressionante também a quantidade de bikes pronta-entrega que todas as lojas têm. E em algumas ruas como a Clarence Street existem 4-5 lojas por quadra.
Em mais uma passada por algum parque nos impressionamos com a quantidade de mulheres treinando na rua, e algumas treinando muito forte. Ao contrário do Brasil, a corrida é praticada nas ruas por muito mais mulheres do que homens. Não era tão comum ver homens correndo, mas mulher se via a toda hora. Vimos um grupo de crianças treinando com um personal trainer, fui conversar com ele e era um grupo de crianças de vários esportes, que ele treina voluntariamente. E a gurizada de 10-12 anos fazendo coisa que muita gente grande nem pensa em fazer. No lado oposto do campo, um time profissional de rugby treinando. Esses parques australianos são usados por todos, atletas profissionais, amadores, crianças, famílias e gente ganhando dinheiro como o pessoal dando aula de Pilates e treinamento funcional ao ar livre.
Descobri que no albergue em que o Felipe, Marcelo, Fabrício e Sapinho estavam hospedados a gente não pode entrar no quarto do hóspede e nem chamar eles por telefone (não tem telefone no quarto). Isso é pra evitar várzea e orgias adolescentes. Cheguei à portaria e pedi pra falar com o Felipe, a mulher pega um microfone e fala que nem em supermercado “Felipe Reichert, please come to the reception”. 5 minutos depois e nada do Felipe, eu expliquei pra ela que não era guri querendo subir pra fazer festa no albergue, que precisava que ela me dissesse o quarto deles. Ela me propôs - “se me disseres o nome de todos os hóspedes do quarto eu te digo o número do quarto”. Pronto, daquele dia em diante eu entrava direto e subia pro 814.
De noite, saindo pra jantar com o Fabrício, Marcelo e Felipe, conseguimos a proeza de nos perder de elevador no Westfield, o shopping é meio grande e estava fechando, a gente tentava vários botões do elevador e nunca achava o andar certo (só explicando ao vivo).
Já vimos que comer de noite aqui não é muito fácil. Além das coisas fecharem cedo (antes das 22h), tem muito restaurante oriental, mas não é aquele oriental de shopping, com Yakissoba e arroz colorido, é o oriental roots mesmo, com umas coisas que a gente não tem ideia do que seja e com cardápio em chinês. Mas encontramos um lugares meio sujos com comida muito gostosa, como lojas de Kebab que vendiam pizza por fatia, Pide (que é tipo uma esfiha) e Gozleme (parece um crepe) ambos pratos de origem turca.
Nessa noite tivemos um momento “Se beber não case”. Indo pro hotel, passando em frente a um fliperama, o Fabrício diz: “achei uma noiva pra ti, vamos ali tirar uma foto”. Na verdade achamos um casal de recém-casados, celebrando o casamento num fliperama, naquela máquina em que a pessoa fica dançando imitando os passos que a máquina faz. Achei que fosse alguma brincadeira e perguntei por que ela estava vestida de noiva e ela me disse: acabamos de nos casar.


Alguns locais visitados: Centennial Park (ele é imenso e a cada dia descobríamos um pedaço novo), Prince Alfred Park, Sydney Park, Broadway Shopping Centre, primeira piscina/academia pública que visitamos.

Dia 4 - 30/10:
Último dia de turista + show INXS/Matchbox 20.
Destino: Sydney Olympic Park onde foram as olimpíadas de 2000. O Marcelo alugou bike e foi comigo e o Felipe para o Parque Olímpico. Ele tava meio com medo de não conseguir nos acompanhar, mas como fomos na parceria e em ritmo de passeio só dávamos umas esperadas por ele quando tinha subida. Eu me preocupei na verdade não era com o lado físico da coisa, mas com a segurança dele porque eu e o Felipe estamos muito acostumados a andar de bike e pra gente passar a 30km/h entre 2 carros apertados no trânsito sem encostar nos espelhos, pular cordão da calçada são coisas normais. Eu tinha medo dele cair ou ser atropelado, bater em alguma coisa, mas tudo correu bem.

No parque olímpico as instalações da olimpíada ainda são bastante utilizadas e a impressão que se tem é que se fosse preciso fazer outra olimpíada lá hoje, não seria problema. A vila olímpica foi transformada em prédios empresariais, tem uma estação de trem ainda em uso, 2 hoteis e cada setor é gerenciado por alguma empresa que lucra com entradas para os turistas visitantes ou para uso das instalações. Qualquer um pode chegar, pagar 5 dólares e nadar na piscina da olimpíada, jogar nas quadras de tênis, etc. No Rio vai ser igualzinho.
Nos detemos um pouco mais no centro aquático onde foram as provas de natação, nado sincronizado e saltos. Além disso, o parque tem um lado dedicado ao entretenimento infantil, com mini-piscinas, escorregadores e tudo mais que um parque aquático infantil tem. No momento da nossa chegada estava encostando um ônibus com mais de 40 crianças que iam pra lá fazer aula de natação.
Ficamos no Olympic Park até 13h, voltamos pro centro, passando por mais algumas lojas esportivas e mostramos um pedaço do Centennial Park pro Marcelo.
Passamos por uma zona com muitas revendas de automóveis e o Felipe se impressionou com os preços dos carros aqui, alguns modelos custam ¼ ou 1/5 do preço que pagamos no Brasil. É engraçado ver um Citroën C4 com menos de um ano de uso pra vender por 20 mil reais.
Entregamos as bikes alugadas na Bonza Bike Tours (recomendo pra quem for) depois de 4 dias com elas, afinal o congresso começa amanhã. Hoje de noite tenho show do INXS + Matchbox 20. Na caminhada após largar as bikes o Felipe parou pra olhar uma vitrine de brinquedos (segundo tipo de loja que mais visitamos) e eu vi um cara na porta de um hotel que me pareceu familiar. Me aproximei e ouvi o assunto dele com um motorista de Van e me deu um estalo, esse cara é do Matchbox 20, mas não sei o nome dele, vou jogar verde. Pedi pra tirar uma foto e disse que iria ao show naquela noite, ele agradeceu, pediu desculpas por estar fumando. Depois descobri que era o Kyle Cook, guitarrista da banda.
Seguimos caminhando até o local do congresso pra pegar nossas credenciais, conhecemos a mulher mais bonita da Austrália até o momento (ela trabalha numa sorveteria, não deve ser australiana), mas em breve ela foi desbancada pela loira do Pub dos 3 Macacos.
De noite me fui sozinho para o show. O local do show Sydney Entertainment Centre é o que toda casa de show deveria ser. Tudo funciona, tudo é limpo e bonito. Um sistema de calefação que mesmo com casa lotada não muda um grau, som perfeito em qualquer área, e o mais estranho para um brasileiro, mesmo que se procure a gente não vê nada improvisado, tipo caixa de cerveja apoiando alguma coisa ou fita crepe segurando fio ou cortina. Não se vê banheiro sujo e não consegui ver um segurança sequer. E mesmo sendo o show do Matchbox 20, o INXS é um orgulho australiano, e leva muita gente ao show.
O público do show é muito diferente do Brasil. Idosos, gente que saiu do serviço e foi ao show (ainda com crachá da empresa), crianças, famílias. Afinal pra eles é um evento tipo happy hour numa terça-feira e é barato. Esse show custa um pouco mais do que uma janta para casal num bom restaurante.
Mas para as bandas o show deve ser meio sem graça, e aí a gente entende porque os gringos gostam de show no Brasil. O ambiente na Austrália é de teatro, com 90% do povo sentado e algumas mulheres mais empolgadas que se levantam para dançar. E diferente do Brasil, as pessoas à nossa volta cantando realmente cantam em inglês (mas ver alguém no Iphone com o Facebook aberto realmente não faz sentido e se vê vários, um vício internacional).
Com um vergonhoso atraso de 9 minutos após o programado, a banda de abertura (Evermore - 3 irmãos neozelandeses, uma mistura de Greenday com algo eletrônico) subiu ao palco para tocar por 30’. Troca rápida de equipamentos e o INXS fez um belo show de 1h15’. Mesmo sem a presença do falecido vocalista Michael Hutchence que era muito marcante, o vocalista atual segura numa boa o show. Depois de 45’ pra mexer no palco, o Matchbox 20 entra para um show de 2h e ao final chama o INXS de volta ao palco para tocarem 2 músicas juntos.

Alguns locais visitados: Sydney Olympic Park, Centennial Park, Sydney Entertainment Centre.

Dia 5 - 31/10:
Primeiro dia de evento - 4th International Congress on Physical Activity & Public Health. Passei toda manhã em sala de aula num Simpósio sobre comportamento sedentário. Como não saí pro sol de manhã, senti sono de dia pela primeira vez, efeito do fuso. Entre as 13-16h tava difícil a coisa. De tarde, na feira de exposições do evento nós montamos o estande do próximo congresso mundial que organizaremos no Rio, em 2014. De noite, janta do grupo todo. Alguns locais visitados: sem atrações turísticas.


Dia 6 - 01/11:
Congresso + Cirque Du Soleil - fui de manhã para o evento e tinha como intenção principal entrar em contato com uma pesquisadora canadense que conheço por e-mail há anos e agora precisava de uma ajuda dela para uma pesquisa. Assisti sua palestra e fiz o contato.
Depois da palestra e antes do primeiro compromisso do evento pela tarde eu tinha uma janela de tempo. Queria conhecer Bondi Beach, talvez a mais famosa praia de Sydney. O dia não estava ensolarado, mas quem tem pouco tempo como turista não pode escolher. Dá pra ir lá via terrestre, mas eu preferi fazer um pedaço do trajeto por água porque é mais bonito. Fui ao Circular Quay e peguei um barco rumo a Rose Bay. Ia descer no ancoradouro, atravessar a pé o Lyne Park e chegar a Bondi Beach.
Assim que cheguei a Rose Bay vi 2 hidroaviões que faziam voos panorâmicos. Queria voar sobre a cidade, mas eles só faziam voos para 2 pessoas, e como eu estava sozinho, não quis arcar com as despesas de 2 pessoas. Sobrevoar Sydney de hidroavião é mais barato do que sobrevoar o Rio de Janeiro de helicóptero.
Cheguei a Bondi depois de caminhar uns 5km fazendo um pequeno lanche no caminho. Como sempre, a praia é uma pequena baía de 1km mais ou menos, com morros de pedras dos dois lados. Mas eles exploram um caminho pelas pedras que vai de Bondi até Bronte Beach que, além de bonito, é repleto de obras de arte (que são trocadas periodicamente e estão quase todas à venda). A exposição permanente se chama Sculptures by the Sea. Na parte mais alta do morro entre as duas praias ficam algumas tendas vendendo comida e uma tenda maior onde se pode negociar as obras expostas e ver algumas obras mais caras e frágeis.
No início dessa trilha pelas pedras fica a piscina mais famosa de Sydney, a sede dos Bondi Icebergs, uma piscina pública de quase 100 anos. A pessoa para poder se intitular um “Iceberg” deve cumprir o ritual de nadar todos os dias do ano durante 1 ano.
Nesse dia deu pra perceber um aspecto do sistema educacional australiano - eles exploram muito as atividades ao ar livre com os alunos. Apenas nessa caminhada entre as 2 praias eu devo ter passado por pelo menos umas 5 turmas de colégio que estavam em saída de campo com seus professores. Alguns observando as obras de arte, outros estudando as formações rochosas da praia, outro grupo foi pra se exercitar mesmo na piscina de Bondi, ou seja, eles usam muito o ambiente extra-classe para ensinar diversas disciplinas. Também é comum ver turmas pelos parques, no centro e se deslocando pelos diversos barcos que ligam os pontos da cidade. É tão estranho ver um grupo de 30 crianças, uniformizadas e que realmente obedecem à professora. Quando ela quer falar, chama a turma, todos ficam em silêncio e prestam atenção, qual será o segredo?
Fiquei triste apenas por ter pego um dia nublado, fico imaginando com seriam as minhas fotos se tivesse sol. Quem vê as fotos de Bondi (ou já esteve lá) em dia de sol entende porque eu digo isso. Mas ver uma tempestade se aproximando pode ser tão bonito quanto um dia ensolarado
De noite, após o congresso, todos fomos para o Cirque Du Soleil para o espetáculo OVO (coreografado por uma brasileira). Um pedaço do grupo iria de táxi, mas eu olhei no mapa e disse “dá pra ir a pé, quem vai?”. Marcelo, Felipe, Fabrício, eu e as duas paulistas (Camila e Priscila). Digamos que a caminhada foi meio nervosa porque chegou um ponto que comecei a duvidar do Google em relação à distância e achar que as 2 gurias (de pernas curtas e sapato) não fossem conseguir a tempo, mas deu tudo certo. Cirque Du Soleil nunca é ruim, é sempre maravilhoso, mas o espetáculo que assisti antes (Varekai) foi bem melhor que esse OVO.
Na saída do show, naquela fila de táxis e gente, surgiu uma van e o guarda que organizava a fila gritou - “alguém está em 3 ou 4 pessoas?” Eu pulei correndo na frente dele e disse - tenho quase 15 comigo.

Alguns locais visitados: Rose Bay, Watson’s Bay, Lyne Park, Bondi Beach, Bronte Beach.

Ainda faltam 3 dias de viagem a publicar em breve....Continua.

Um comentário:

  1. Baita viagem hein! Tinha que vir aqui me vistar em Queensland (Muito melhor que Sydney!!!)
    Abraço!

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