Mr. Domingues

Sempre ouvi que escrevo demais, e-mails longos, cartas intermináveis para namoradas, nunca consegui usar Post-it, enfim, bem ou mal eu gosto de escrever. A intenção é que isso aqui sirva como uma "descarga mental" onde comento fatos, acontecimentos e pensamentos, na verdade, tudo que me der vontade. Sabe quando se vê um filme, lê um livro ou algo no jornal e ficamos com vontade de discutir com alguém sobre o assunto? É pra isso que esse espaço serve, assim eu incomodo menos quem está à minha volta e começo a incomodar anônimos internet afora que queiram ser incomodados. Mas é claro que não vou fugir muito dos meus hobbies, interesses pessoais e profissionais, como saúde, atividade física, esporte, tecnologia e música.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010


O Metal amoleceu?

Há duas semanas fui ao show do Metallica em Porto Alegre, na World Magnetic Tour. Depois de mais de 20 anos ouvindo a banda finalmente fui vê-los ao vivo. Antes de ir me preparei para encarar um público “heavy metal”, muita gente de preto, couro, metais, correntes, headbangers, bebedeira, etc. minha irmã foi junto e pensei nela também, uma mulher de óculos no meio de pancadaria não é legal. Mas ao chegar ao show fui surpreendido pelo público.

O local do show era puro barro, do joelho pra baixo todos estavam marrons e com cheiro de Expointer (eu só levei um par de tênis, foi lindo entrar no hotel depois de meias e largar placas de barro no café da manhã no dia seguinte). Assim que me postei diante do palco disse pra minha irmã: isso aqui vai virar Woodstock e vamos sair daqui com barro até nas orelhas, mas felizmente me enganei.

O show começou com um atraso de 16 minutos (nem parecia Brasil) e foi uma apresentação extremamente técnica e competente do início ao fim. Nenhum traço de drogas ou bebedeira no palco como antigamente, nenhuma corda escapada ou nota fora do lugar. Parece que o que antes era valorizado (como derrubar uma garrafa de Jack Daniel’s entre uma música e outra ou fazer cara de mau) perdeu a graça e deu espaço à qualidade do espetáculo. Eu mudaria umas 5-6 músicas do repertório. Senti falta de coisas como Wherever I may roam, Whiskey in the jar, Until it sleeps e I disappear, mas tudo bem, o show não era só pra mim. A banda está no seu ápice, hoje eles estão melhores do que eram há 15 anos e com certeza dentro de 15 anos não terão mais o mesmo pique pois já estarão na casa dos 60. Nos closes que os telões mostravam do vocalista já podíamos ver na pele das mãos dele os sinais da idade, todo mundo envelhece né, a diferença é que eles envelhecem com plateia. Demorei para vê-los ao vivo, mas vi na hora certa.

Mas o título do post é realmente pra falar da mudança naquela imagem que se tinha um tempo atrás de plateia de show (e até dos músicos) de heavy metal. Ao longo de todo show o que eu vi à minha volta foram homens grisalhos com seus filhos adolescentes, famílias inteiras, casais abraçados, meia dúzia de bebuns alegres, um maconheiro aqui, outro ali, mas nenhum stress, nenhum empurrão. Na verdade na saída do show um cara (trajando uma camisa da seleção argentina de futebol) esbarrou em mim e pediu desculpas (!!!??), onde já se viu “metaleiro” pedindo desculpas?

A conclusão que cheguei é que o público desses shows hoje em dia tem uma única intenção: assistir ao show e ver seu artista. Hoje, se eu tivesse filhos, teria medo é se eles me pedissem para ir num baile funk, forró, show de pagode ou sertanejo. Nada contra os artistas (menos funkeiro que não porque funk não é arte), mas parece que é nesses tipo de show que a violência está hoje em dia.

Nem o velho Ozzy pode mais comer morcegos no palco, pular então, nem pensar, com a artrose no quadril que ele está seria um desastre.

Próximo show: Guns n’ Roses, 16 de março.

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